Quem vai te fazer feliz? [Support]
Support Conversation (Aedan e Elice)
Gênero: Slice of Life;
Tema: Onii-chan e Parque de Diversões;
Tema: Onii-chan e Parque de Diversões;
Sugestão do leitor: Shadow Balefrost.
Em cerca de dez minutos
o navio atracaria no Parque das Conchas, uma ilhota isolada nas proximidades de
Myriad entre o Porto das Lulas e a Ilha dos Geckos. Havia uma frota de pequenos
barquinhos ancorados na costa, incluindo um enorme cruzeiro repleto de turistas
que aproveitavam o feriado prolongado com um programa diferente.
O Capitão Bernard tinha
uma encomenda para entregar no porto, mas oferecera de bom grado uma carona a
seus amigos. Elice implorara durante semanas para que seu irmão Aedan a levasse
para se divertir quando tivesse uma folga, e ele, por sua vez, montara planos
que envolviam passar os quatro dias dormindo na rede da varanda, bebendo algo
gelado e beliscando alguns petiscos.
— M-mas
você prometeu... — Elice disse cabisbaixa quando percebeu que seu irmão não
tinha intenções de levá-la.
— Pede pro
tio Ralph levar você — respondeu o homem com o rosto coberto por uma revista,
sua tática infalível de fingir que estava dormindo só para que ninguém viesse
socializar com ele.
A pequena
Elice, que não era boba nem nada, foi reclamar para a pessoa certa.
Aedan não tivera nem
uma hora de sono quando viu alguém tirar a revista de sua cara para lhe dar uma
bronca.
— O senhor
fez uma promessa para ela. — Era Doppel, o anfitrião da casa. Todos na Pequena
Colina o respeitavam, Doppel nunca se importara de receber visitas nas horas
mais inesperadas do dia e aquela casinha distante afastada de todo movimento
era um dos poucos lugares onde Aedan encontrava paz. Mas não naquele dia. Ele
jogou a revista em sua cara antes de sair para terminar de assar uma lasanha. —
Agora cumpra.
Aedan levantou-se resmungando.
Além de perder o primeiro dia do feriado, perderia também o delicioso prato de
lasanha, e sabe-se lá o que Elice o forçaria a fazer na sexta, sábado e
domingo. Quando piscasse os olhos, tinha medo de já estar de volta ao trabalho
na segunda.
Sua irmã ficou toda
saltitante quando soube da notícia. Arrumadas as mochilas com provisões, os
dois seguiram até a costa onde combinaram com o Capitão Bernard, mas um grupo
de cinco pessoas já os esperava de malas prontas. Elice deu um salto para
abraçar Auria que quase veio ao chão. Nenhum deles estava esperando companhia,
mas agora a viagem seria muito mais divertida.
— O que estão
fazendo aqui? — perguntou Aedan.
— Doppel
mandou a gente vir — respondeu Peter Lee. — Para ficarmos de olho em vocês.
— É, e ele
disse que tu ia pagar a entrada — continuou Lesten. — O almoço tá incluso
também?
— Não se
preocupe, não vamos dar trabalho nenhum — disse Ralph.
Por falta
de uma, agora teria que cuidar de outras cinco crianças.
A primeira
visão que tiveram do Parque das Conchas era uma gigantesca roda gigante
espiralada, como se fosse um amonita dos tempos ancestrais. Era possível
enxergar também uma trilha que dava voltas e contornava toda a ilha, seu auge
era no topo da montanha que deslizava para uma queda brusca no meio do mar.
Elice puxou
a barra da saia de Auria e falou:
— Eu nunca
andei de montanha russa... Acho que tenho medo.
— Não se
preocupe, querida. Se não quiser, o Ralph fica cuidando de você — respondeu
Auria. — Afinal, acho que nenhum dos dois tem altura para entrar.
O garoto
nem protestou, pois faria de tudo para não precisar dar uma volta também.
O navio
atracou longe da praia, mas Bernard os levou com um bote até a costa. Elice
tirou suas sandálias e pisou na areia macia e branquinha, molhando os pés nas
ondas que compartilhavam a euforia de sua chegada. Ela olhou para trás e viu
seu irmão que ainda parecia desanimado com a experiência, ele era o único de
calça jeans debaixo daquele sol forte.
— Tira
esses sapatos! Por que veio todo chique assim? Não estamos num encontro — disse
a menina.
— Eu só...
não estava muito afim de sair hoje — respondeu Aedan.
Ela revelou
um sorriso sereno e fez um aceno com as duas mãos.
— Prometo
que vai se divertir de montão, tá bom?
Como
prometido, Aedan pagou entrada para os cinco intrusos que o acompanhavam.
Lesten estava perplexo, pois morara no lado oeste da Ilha dos Geckos desde que
fora afastado do exército e sempre tivera uma visão distante do parque de
diversões, ter a chance de visitá-lo era como um sonho realizado; Hayley estava
ansiosa para ir ao Castelo dos Sonhos com Lee, enquanto Auria não perderia a
chance de visitar a roda gigante com Ralph.
Elice
estava eufórica para ir em todos os lugares possíveis, pois ao pôr do sol o
parque fecharia e aquela terra que lhe parecia tão encantada se tornaria uma
mera lembrança.
— Pessoal,
é o seguinte, vamos tentar não nos separar — alertou Aedan. — O parque é
grande, e como sei que vocês nunca se comportam como seres civilizados, é
melhor que...
Quando
Aedan se deu conta, não havia mais ninguém ao seu redor.
Ele correu
à procura de sua irmã. Se fosse Elice, qual brinquedo visitaria primeiro? Seu
palpite era o Castelo dos Sonhos que Hayley mencionara, onde os visitantes
podiam andar de barco por um percurso que percorria um trajeto repleto de
música, cantoria, brilho e purpurina. O homem respirou fundo e entrou na
atração.
Elice já
estava dentro de um barquinho de madeira automatizado na companhia de Lee e
Hayley. Ela acenou e pediu que ele se apressasse a entrar. As duas estavam
encantadas com os efeitos, a administração do parque preparara uma série de
bonecos movidos a magia que flutuavam em frente ao público num jogo de luzes e
euforia. Enquanto as meninas se divertiam, Lee e Aedan continuavam de braços
cruzados no banco de trás.
— O que não
fazemos por nossas garotas — comentou Lee.
— Nem me
fale.
— Imagino
que você tenha tido trabalho para criá-la sozinho. Não é nada fácil se virar no
mundo sem os pais, ter que cuidar de outra criança só dificulta as coisas.
— Eu e a
Elice temos quase dezoito anos de diferença, então eu já tinha consciência das
coisas — respondeu Aedan, olhando para a menina que se divertia no barco da
frente. — Mesmo assim, admito que foi como ganhar uma filha.
Aedan
estava perdido em pensamentos quando sentiu alguém tocar sua mão. Encontrou-se
com o olhar da menina que estava virada para trás apontando para uma linda ave
azul que sobrevoava sob suas cabeças.
— Olha,
aquela se parece comigo quando me transformo!
A ave
atravessou o teto e desapareceu em um punhado de brilho, feito uma ilusão.
— E aquele
ali parece você.
Aedan notou
o que parecia ser uma cobra animatrônica que deveria cuspir fogo, só que mais
se parecia com uma minhoca gigante vesga. Hayley e Lee tentaram esconder o
riso, afinal, nunca haviam tido a chance de ver o tótines assumir sua forma
mágica.
— Ele não deve
ser tão assustador — afirmou Hayley em claro sinal de ironia.
— Pra mim
sempre vai ser meu onii-chan! — respondeu Elice, mostrando a língua para
ele no banco de trás. — Se não sou eu para alegrar os seus dias, quem seria,
né?
Terminada a
volta no Castelo dos Sonhos, Aedan seguiu a garota até o carrossel, que ao
invés de cavalinhos tinha diferentes monstros do Reino de Sellure. Para sua
surpresa, Ralph estava montado em um dragão negro enquanto Lesten corria
desesperado ao redor, ambos estavam imersos em uma perseguição incessante,
apostando corrida para ver quem era mais rápido. Auria os assistia comendo
pipoca no banco ao lado.
— Por que
você não brinca também, tia Auria? — perguntou Elice.
— Porque a
altura máxima é um metro e sessenta e cinco, só o Ralph consegue — ela riu. — E
também já estou sentindo vergonha alheia o suficiente só de ver esses dois
brincarem. Por que não vai lá também?
— Mas
carrossel parece coisa de criança... — resmungou Elice.
— Bem, o
Ralph e o Lesten apostaram que quem desse mais voltas tinha que pagar o almoço
do outro. O carrossel pode parecer lento, mas depois de quinze voltas você se
sente esgotado — explicou a mulher. — Vá se divertir, e quando voltarmos, seu
irmão vai te comprar uma pelúcia enorme!
— Eu vou o
quê? — perguntou Aedan, sem poder impedir Elice que já estava na fila.
Auria
ofereceu um pouco de sua pipoca para ele. Os dois ficaram em silêncio
observando o carrossel dar voltas e mais voltas.
— Você
parece cansado — ela o questionou e, pela cara de Aedan, estava na cara que ele
não esperava a hora de ir embora. Vendo Elice brincar cheia de energia, era
impossível dizer que os dois eram irmãos. — Sabe, eu sempre fui a caçula na
minha família. Às vezes eu penso em como seria ter uma irmãzinha mais nova...
— Leva ela
pra você — respondeu Aedan, indiferente.
Auria
soltou uma risada alta e quase engasgou com a pipoca.
— Eu até
levaria, mas você sabe que ela te adora. Eu jamais poderia separá-los.
— Me adora?
A Elice só quer alguém pra brincar. Eu já não tenho idade pra essas coisas, não
consigo acompanhar o ritmo de uma criança na idade dela. Às vezes penso que ela
seria muito mais feliz com outra pessoa, outra família.
— Você não
faz mesmo ideia de como ela te ama, não é? — Auria respirou fundo.
Quando o
carrossel parou de se mover, Ralph havia dado vinte e oito voltas sem sair de
seu dragão, enquanto Lesten percorrera apenas vinte e cinco correndo feito um retardado.
No fim das contas, foi Aedan quem pagou o almoço para todos. Eles marcaram com
Lee e Hayley de se encontrarem na lanchonete Espiral, com direito a entradas de
frutos do mar e camarõezinhos para beliscar. Aedan não podia reclamar, pois a
parte da comida era o mais próximo que tinha de estar na tranquilidade de
Pequena Colina, exceto pela barulheira de crianças correndo ao seu redor e
gente mastigando de boca aberta e rindo alto.
— Quem é
que vai na montanha russa comigo?! — Lesten berrou, se algum desconhecido
tivesse se oferecido ele teria aceitado também. — Vamos lá, ruivo, é como andar
nas costas de um dragão, só que muito mais emocionante e perigoso!
— E-eu
prefiro ficar onde meus pés sentem o chão — respondeu Ralph. — Sério, não é nem
por causa da altura, mas é que essa coisa parece ir bem... rápido.
— A fêmea
vai junto. Tu pode segurar a mão dela. — Lesten segurou a mão de seus dois
amigos e as uniu, mas eles se afastaram envergonhados na mesma hora. Auria
ajeitou o cabelo, meio acanhada.
— Alguém
tem que ficar e cuidar da Elice...
— Eu fico —
Aedan se prontificou. — Não estou disposto a sofrer uma descarga de adrenalina
muito alta hoje.
Ele teve
que ouvir os quatro falarem em sua orelha pela hora seguinte. Lee e Hayley não
apareceram, talvez os dois estivessem muito ocupados, por isso o grupo decidiu
ir para a montanha russa. A fila estava enorme, diversos geckos aproveitavam a
folga para se divertirem no parque.
Aedan
bocejava de sono quando Lee os interceptou na fila, sua expressão estampada num
sinal de urgência.
— Pessoal.
Encrenca. Das grandes.
— O que tu
fez dessa vez, grandão? — perguntou Lesten.
— A Hayley
insistiu em me levar para a casa de horrores — respondeu Peter Lee.
— Aqui tem
uma casa de horrores? — Elice olhou para seu irmão, o olhar suplicante. — Me
leva. Por favor.
— Bom, nós
estávamos nos divertindo, mas surgiu um monstro gigante numa sala escura, e... —
O homem olhou para os lados e coçou a cabeça. — Eu acertei o coitado com tanta
força que ele desmaiou. Agora o brinquedo foi interditado. Só deve voltar a
funcionar amanhã.
Auria teve
que segurar o riso. Era tão típico dele.
— Mas o
problema não é esse — disse o homem. — Depois que voltei da conversa com a
gerência, eu não encontrei a Hayley.
— Será que
os monstros a sequestraram como forma de punição pelo que você fez com eles?! —
indagou Ralph. — Eu sabia que um parque de diversões era o cenário perfeito
para iniciarmos uma batalha épica contra as forças do mal!
— Ralph,
não viaja. Ela só deve ter ido tomar um sorvete... — respondeu Auria. — Lee, a
Hayley é bem grandinha para saber se virar sozinha. Entra aqui conosco na
montanha russa, tente esfriar a cabeça, quando sairmos vamos procurá-la todos
juntos.
Lee
concordou, mas sentia-se desconfortável sem a pequena feneco ao lado. Quando
chegou sua vez, Ralph entrou tremendo no carrinho. Não se parecia nem um pouco
com a sensação de andar em um dragão — até porque ele nunca tinha voado em um,
mas se fosse que nem uma montanha russa, preferia nunca ter de precisar. Auria
sentou-se ao seu lado e aproveitou o momento para mostrar o quão corajosa era.
No banco de trás, Lesten não parava de tagarelar na orelha de Lee. Elice achava
que não poderia entrar por causa da altura, mas se estivesse acompanhada a
entrada era liberada, o que obrigou seu irmão a ir também. Aedan e Elice
ficaram no terceiro acento, as perninhas da menina mal alcançavam o fundo.
— Aedan, se
eu ficar com muito medo, o que eu faço? — perguntou a menina.
— Grita —
respondeu ele.
— Mas eu
posso te abraçar?
— Não.
Elice o
envolveu num abraço.
— Eu vou
gritar muito, tá?
— Já
preparei os ouvidos.
Primeiro
veio o friozinho na barriga. Era possível enxergar todos os arredores no ponto
mais alto da montanha, uma visão única das terras de Myriad; Ralph podia jurar
que avistara a Vila das Pérolas, Lesten enxergava as três montanhas protetoras
da Ilha dos Geckos e ao norte via-se parte da capital de Cortina Escarlate,
cidade natal de Auria. A empolgação durou pouco, porque depois veio a queda e
qualquer sinal de coragem desapareceu do coração dos heróis. Auria não parou de
gritar um segundo, Lesten pensou que fosse morrer e Lee travou na cadeira. Elice
se divertia com os braços para o céu e até mesmo Aedan se deu ao direito de
sentir o coração palpitar.
Quando o
carrinho aterrissou, Auria estava toda descabelada e Lesten sentia as pernas
bambas. Ralph era quem estava mais animado com a experiência.
— Uau, foi
como andar num dragão de verdade! — disse o garoto. — Essa foi uma das
experiências mais loucas da minha vida! Podemos ir de novo?
Todos
gritaram não quase que ao mesmo
tempo.
O grupo
retomou sua jornada atrás de Hayley. Lee continuava impaciente, temia que algo
ruim tivesse acontecido a sua pequena, mesmo que estivessem num lugar que
julgassem seguro feito um parque.
A busca se
estendeu por quase uma hora e ainda não havia sinal da feneco. Quando chegaram
próximo à roda gigante, Elice chamou seu irmão e apontou para uma máquina de
gancho com pelúcias na entrada.
— Tia Auria
falou que você ia dar um pra mim.
— Elice,
essas máquinas só servem para extorquir dinheiro das pobres crianças sem
coordenação motora, eu não vou deixá-la se tornar mais uma vítima de uma
brincadeira fútil feito...
Quando se
deu conta, Aedan estava buscando sua carteira atrás de algumas moedas. A menina
batia no vidro com dedo, apontando para um ursinho de pelúcia de orelhas
enormes no fundo.
— Eu quero
aquele ali!
Aedan não
era muito bom naquele tipo de jogo. Quando o gancho desceu, eles levaram um
tremendo susto quando a pelúcia se levantou e deu um pulo dentro da máquina.
Era Hayley quem estava presa ali dentro. Lee saiu correndo quando ficou sabendo
do ocorrido.
— O que
você está fazendo aí dentro?! — ele gritava enquanto chacoalhava a máquina.
— Eu não
sei! Eu não sei! Quando acordei estava aqui!
—
Raposinha, só tu mesmo pra dormir no meio de uma praça movimentada — falou
Lesten. — Acho que te confundiram com um ursinho de pelúcia perdido.
Dois
seguranças tiveram que vir tirá-la da máquina. Elice acabou ficando sem sua
pelúcia, mas só de ter Hayley por perto era como ter o bichinho mais fofo de
todos.
Resolvida a
situação, eles decidiram que não havia nada melhor do que uma volta na roda
gigante para relaxar. As cabines eram para duas pessoas, então as duplas já
estavam formadas.
— Ah, e o
vacilão aqui fica sozinho, né? Pra variar — resmungou Lesten. — Tá bom, beleza.
Eu nem queria andar nessa coisa boba mesmo. Ela só fica aí rodando e tu tem que
aguentar ficar olhando pra cara feia de quem estiver na tua frente até dar a
hora de ir embora...
Uma moça
que estava na fila também não tinha companhia. Ela era ruiva e devia ter seus
trinta anos, usava um chapéu com um lacinho delicado na cabeça com um vestido
que deixava seus tornozelos expostos. Quando Lesten a avistou, seu coração
bateu mais depressa.
— Oi, eu...
posso ser sua companhia na roda gigante?
O lagarto
agradeceu todas as divindades por ter-lhe oferecido tamanha benção.
Aedan e
Elice foram os últimos a subirem em sua cabine e logo a roda começou a girar. A
menina estava encantada, era uma sensação diferente de estar na montanha russa
porque agora tinha tempo de apreciar a paisagem pela janela e ver toda a
dimensão da ilha. Aedan estava com a cara monótona habitual, esforçando-se para
ser uma boa companhia.
— Olha,
Aedan! Acha que dá pra enxergar a nossa casa daqui? — perguntou Elice.
O homem fez
que não com a cabeça.
— Será que
eles estão se divertindo lá na frente?
Ele deu de
ombros, indiferente.
— Você está
feliz hoje?
O homem
respirou fundo, mas não respondeu. Elice sentou-se e juntou as pernas,
parecendo abatida.
— Por que é
que você está tão chato hoje?
— Eu tô
feliz — respondeu Aedan, forçando um sorriso. — Olha. Felizão.
— Você está
tirando uma com a minha cara!
— Não
estou. Me diverti à beça hoje.
— Para de
zoar comigo! Eu só queria passar uns momentos legais com você, mas pelo visto
você não consegue nem fingir que está gostando!
— Escuta,
Elice... Estou tentando ser agradável. Você me arrastou para essa droga de
lugar e me fez fazer coisas que eu não queria o dia inteiro. Então vê se não
enche, tá legal?
A garota
recuou atônita, apertou seu vestido e segurou o choro, mas não conseguiria por
muito tempo. A roda gigante não havia nem completado uma volta quando ela bateu
na porta de sua cabine e pediu para parar. Quando o atendente abriu, Elice saiu
correndo pelo parque. Aedan tentou ir atrás dela, mas as pessoas o encaravam
cheios de curiosidade e já berravam para que o brinquedo voltasse a girar.
Ele desceu
a escadaria, mas não teve sinal de sua irmã. O parque era enorme e só de pensar
em ter de procurá-la em todos os cantos já o esgotava. Não queria ter sido
grosso com ela, mas às vezes a empolgação de Elice não conseguia acompanhar o
ritmo tranquilo que Aedan tentava levar para sua vida, pois todos os outros
dias de semana eram cheios de tensão por conta do trabalho.
Um
vislumbre percorreu sua mente de onde ela poderia ter ido. Seguiu até a praia
logo na entrada, onde os barquinhos chegavam cheio de turistas que vinham
aproveitar o dia com suas famílias. Como estava entardecendo, a multidão já se
encontrava dentro do parque e apenas alguns casais passeavam enquanto
observavam o sol distanciar-se no horizonte distante.
Elice
estava sentada abraçando os joelhos e sem as sandálias. Seu irmão fez o mesmo
que ela, tirou os sapatos e sentiu a areia nos pés, sem se preocupar em sujar
sua calça ou as mangas da blusa. Devia ter vindo com uma roupa mais apropriada
para um passeio.
— Por que
você saiu correndo? — ele perguntou com a voz mansa.
Elice virou
a cara e não quis encará-lo.
— Você acha
que eu não gosto mais de você? É isso?
A menina
encarou o chão, porque era muito difícil para uma criança entender todos
aqueles sentimentos que passavam em sua cabeça. Aedan a envolveu num abraço
forte e a trouxe para mais perto de si.
— Desculpa.
Eu fui um idiota com você. Você está sempre tentando me fazer sorrir e eu te
retribuo com meu mau humor de sempre.
Elice
revelou um sorriso tímido, mas ainda não estava totalmente convencida.
— Lembra
aquela vez que você tentou preparar o almoço para mim e quase destruiu a
cozinha? Eu fiquei uma fera, mas a comida estava deliciosa — relembrou Aedan. —
Ah, e quando eu quebrei um dos vasos que a mamãe gostava? Saí furioso para
jogá-lo no lixo, mas quando voltei te encontrei no chão, tentando colar as
peças com cola...
Elice
fechou os olhos e descansou a cabeça no peito dele.
— Quer
saber de uma coisa? Você é a melhor irmãzinha que eu poderia pedir. Acho que é
você quem não merece um irmão idiota feito eu.
Ela segurou
no rosto dele e o encarou com aqueles olhinhos avermelhados que durante os
últimos dez anos lhe deram forças para continuar seguindo em frente.
— Eu te amo
muitão, tá? Na próxima vez prometo que ficaremos o feriado inteiro em casa
assistindo seriado e comendo pipoca.
Aedan não
escondeu o sorriso, pois gostara muito da ideia.
— Eu nunca
vou deixar nada te ferir. Eu prometo.
Por volta
das seis da tarde era hora deles se despedirem do Parque das Conchas. Todas as
luzes do cruzeiro estavam acesas e o mar parecia forrado por um espetáculo de
brilho refletido na água. Aedan se deu ao direito de aproveitar até o último
instante com seus amigos, ele abriu mais e acabou até participando de
brincadeiras como o carrinho bate-bate onde Lesten quase saiu no soco com Lee e
o barco viking que não era nem de perto a mesma experiência que navegar no Navio
Fantasma (e por sinal, o que eram vikings?).
O Capitão
Bernard voltou para buscá-los no horário combinado. Ralph e seus amigos teriam
muitas histórias para contar quando voltassem, ficando o desejo de irem mais
vezes ao Parque das Conchas e levar a tropa inteira quando tivessem a chance.
Ao fim do
dia, Aedan sentia-se pleno e feliz. Um pouco cansado, mas ainda tinha o fim de
semana inteiro para dar conta disso.
Canas! Bacana o support! Gostei do jeitão do Aedan, bem top! Não vou comentar muito, porque eu só posso definir como: gostei muito! Não tem parte que eu goste mais, eu gosto do conjunto completo!
ResponderExcluirE por favor, um support sobre o Lesten e a ruivinha trintona possivelmente MILF que pintou aí com o tema romance.
*gênero romance, e tema eu peço que seja encontro, please.
ExcluirValeu, caro Sir! Pode crer, vocês ainda não tinham visto nada do Aedan. Ele é um baita personagem, meu antagonista favorito do primeiro livro. Antes de chegar nele, digamos que eu só estava jogando um monte de ideias e nem sabia direito se ia conseguir concluir, mas quando comecei a escrever o arco que envolve o Aedan e a Elice eu pensei: Até que essa história tem futuro mesmo kkkkkkkk
ExcluirMano, é assim que nascem aqueles personagens completamente inesperados! kkkkkkkk Pior que o Lesten tem algumas garotas que ele vive de olho, vai ser engraçado retratar isso num Support, será o primeiro focado nele. Vou ver o que consigo fazer ;)