Capítulo 30.5 - Criatura das Profundezas
Onde a cena se encaixava?
Na metade do Capítulo 30, após a chega dos demais integrantes da Ordem do Selamento na Ilha-S e pouco antes de Ralph e seus amigos subirem no Trem das Águas para irem em busca do ladrão de pérolas.
Sobre o que falava?
Uma enorme lula gigante, um monstro antigo conhecido como Pyrimids, ataca a embarcação do Capitão Bernard e obriga Ralph e seus amigos a lutarem por suas vidas em uma das poucas cenas de ação que envolvia todos personagens lutando juntos. Esta é a última Cena Deletada do Livro 1.
Qual o motivo de ter sido excluído do livro?
Com cerca de 2700 palavras, a batalha contra o Pyrimids foi escrita baseando-se nos primeiros gibis do autor. As lulas gigantes sempre fizeram parte da mitologia de Sellure e o autor quis homenageá-las com esse capítulo, mas no fim das contas a luta não representava nenhum crescimento para os personagens e acabou sendo cortada da versão final.
Uma curiosidade é que nos gibis era aqui que acontecia a batalha entre Ralph e Half, e Lesten se sacrificava para salvar seus amigos, afundando junto com o Navio Fantasma pouco antes da batalha final contra Raegar (só que mais tarde ele retornava, porque o Lesten é imortal).
Criatura das Profundezas
As Histórias Perdidas - Cenas Deletadas
Lesten encarava a água que
estava irrequieta, todos os sinais indicavam que algo dentro do oceano havia
sido despertado. O vento sofrera uma mudança súbita de direção e as ondas antes
tão mansas começavam a se descontrolar. Auria aproximou-se da proa do navio para
descobrir do que se tratava.
— Viu alguma coisa? Parecia
uma baleia.
— Bem maior — respondeu
Lesten, perturbado. — Os mares de Century são repletos de criaturas bizarras,
de tubarões gigantes até enguias colossais. Conheço muito pouco sobre os
monstros que habitam as profundezas do oceano, mas estou doido para descobrir
mais sobre eles!
— Você é o único que
corre atrás do perigo — Auria respondeu com uma risada, apoiando os cotovelos
no corrimão e virando-se de costas. — Quando nos deparamos com ele, tudo que
podemos fazer é confrontá-lo.
Lesten voltou a olhar
entretido para o mar quando um impacto forte badalou toda a estrutura do Navio
Fantasma, fazendo com que Auria escorregasse e Ralph precisasse apoiar-se no
ombro do lagarto para ficar de pé. Uma sombra começou a rodear a embarcação,
uma presença maligna impossível de se ignorar. Ralph correu para a cabine do
capitão para alertar Bernard, que no momento observava o cenário de sua ampla
janela de vidro com uma paz incomum. Aedan e Bill também estavam presentes
quando foram interrompidos.
— Capitão, parece que
batemos em alguma coisa! — alertou Ralph, ofegante.
— Ele está nos seguindo
desde a madrugada, aguardando a hora certa de atacar — comentou Bernard, dando
uma tragada em seu cachimbo com uma calma incomum. — Na verdade, creio que ele
esteja de olho no Navio Fantasma há alguns anos, embora eu nunca tenha lhe dado
a chance de me confrontar.
— Você fala “dele” como
se fossem velhos amigos — disse Aedan.
Ralph hesitou alguns
segundos antes de perguntar.
— Quem é ele?
— Um Pyrimids, um dos monstros
marinhos mais antigos de Sellure. Essa espécie inspirou inúmeras lendas nos
anos das navegações, são monstruosamente imensos, e dizem também serem os
responsáveis por impedir que qualquer navio atravesse as fronteiras de nossos
mapas — explicou o capitão. — Como o Navio Fnatasma não esteve ocultado pela
neblina mágica nos últimos dias, fomos logo localizados por ele.
— E o que espera que
façamos agora? — indagou Ralph, embora já soubesse da resposta.
O capitão riu, as rugas
em seu rosto cansado se evidenciaram.
— Ah, essa será uma
bela história de pescador a se contar...
Outro estrondo foi
ouvido, o navio balançou para os lados e os móveis acompanharam o movimento.
Ralph imediatamente correu para fora onde seus companheiros observavam curiosos
o movimento nas águas.
— Saiam logo daí! —
gritou o jovem.
— Por quê? Acha que ele
vai pular e puxar a gente para o fundo do mar? — Auria brincou.
Assim que se deu conta,
a mulher pôde ver um imenso tentáculo emergir, apoiando-se nas beiradas do
casco com ventosas gosmentas cheias de farpas como os de uma água-viva. Hayley
saltou para o colo de Lee que a agarrou, Elma conjurou um machado fez um corte vertical
no tentáculo que estremeceu e recuou para o fundo do mar. Auria ativou sua
armadura, mas de que aquilo adiantaria se a criatura a sufocasse no oceano?
Ralph brandiu Lignum e reuniu-se com seus amigos o mais longe da beirada que
pôde.
— Que bizarrice é essa?
— bradou Lee, de punhos fechados e braços erguidos. — Como é que vamos lutar
contra algo desse tamanho? Ele nem deve sentir os nossos golpes.
— Essas criaturas
lutaram as grandes guerras do passado — explicou Lesten. — Houveram grandes
domadores de monstros que aprenderam como controlá-los a seu favor, treinadores
de Aukalakas, Dinorros e até mesmo dragões. A presença dessas aberrações decidia
o lado vencedor, pois por onde passavam sobrava um rastro de destruição e
ruína.
— Vou até subir de
nível depois que derrotar um! — Ralph falou eufórico com sua espada de madeira
firme em sua mão.
Bernard saiu de sua
cabine e reuniu os demais membros da Ordem do Selamento. Tootie conseguia
sentir as vibrações através da areia no oceano, aquele era um dos maiores
monstros que já vira ou conhecera.
— A dimensão ultrapassa
os cinquenta metros, isso porque não consigo medir o tamanho dos tentáculos — disse
a guardião da areia, concentrando sua energia. — Mesmo tendo estudado fósseis
durante oito anos para construir o museu das Ruínas Douradas, há pouquíssimos
vestígios deixados pelos Pyrmids por conta da ausência de ossos.
— Eu quero ver, eu
quero ver! — Elice gritava histericamente perto da borda até que Aedan precisou
afastá-la dali. A menina precisou ficar trancada na cabine do capitão onde não
arranjaria mais confusão.
Uma última calmaria
tomou conta do navio, todos aguardavam qualquer sinal do monstro marinho que
estava em seu próprio território. Não era intenção de ninguém fugir para terra
firme onde estivessem seguros, pois assim a criatura continuaria à solta,
podendo atacá-los na madrugada ou longe o bastante de qualquer ilha para que
sequer cogitassem a chance de se salvarem caso o navio fosse destruído. Eles
precisavam colocar um fim àquela ameaça de uma vez por todas.
O primeiro ataque surgiu quando dois
tentáculos saíram um de cada lado do navio, atravessando a madeira do deque e
quebrando caixotes no caminho. Lesten perfurou um deles com sua lança enquanto
Auria repeliu a segunda onda com seu escudo. Hayley conjurou um feitiço de
agilidade para que Lee pudesse correr mais depressa e saltar a alturas sobre-humanas,
afastando qualquer ameaça que prejudicasse as condições da embarcação.
Outros quatro
tentáculos surgiram do lado oposto, atacando os tótines pelas costas. Elma
ativou espadas mágicas que dançaram e fatiaram um dos tentáculos com cortes
precisos, como se fossem pequenos pedacinhos de sashimi. Tootie conjurou uma
barreira de areia para conter o avanço, mas os ataques eram violentos e vinham
por toda a parte. Bill desapareceu em algum lugar fugindo do conflito, como
sempre
— Se estamos
enfrentando um polvo, seus oito braços já eram — disse Lee, sentindo a adrenalina
do momento. — Esse treinamento vai render!
Apesar de a vitória
parecer certa, os Pyrimids se tornavam cada vez mais violentos conforme
percebiam que sua presa resistia. Subitamente, ondas com mais de três metros formaram-se
uma após a outra, o monstro emergia e mergulhava de maneira contínua, ele se
chocava contra o casco do navio na tentativa de virá-lo, batendo com sua cabeça
em formato de pirâmide capaz de atravessar mesmo a mais resistente das
armaduras como se fosse uma furadeira. Bernard sentiu um aperto em seu coração,
cada ferida no navio atingia diretamente sua essência mágica.
Um novo impacto fez o
casco ceder, jatos d’água invadiram o convés e inundaram as câmaras inferiores.
Uma forte camada de tinta negra formou-se ao redor do navio, de onde a ponta de
uma pirâmide surgiu abrindo uma cratera. O pilar que sustentava a vela chegou a
tombar, as duas metades oscilaram e todos perderam o equilíbrio. Água jorrava
para todos os lados, todos os tentáculos da monstruosa lula gigante começaram a
abraçar a embarcação como se estivesse prestes a devorá-la. Uma boca monstruosa
revelou-se da água como um buraco negro que a tudo consumia, com sua porção de
dentes serrilhados e hálito fétido. Uma gosma amarela saía dele, tudo que caía
lá dentro era triturado, desde peixes até caixas, barris e pedras.
Lee segurou Hayley e
saltou para uma área segura longe do convés, abandonando o combate para
assegurar sua segurança. Auria tropeçou e caiu, Ralph segurou sua mão enquanto
tentava desesperadamente segurar-se a qualquer instrumento que fosse. Lesten usou
suas patas adesivas para escalar o navio destroçado e resgatar seus amigos antes
de retornar ao combate.
— Esse em breve vai
entrar na minha lista! — falou o gecko.
Com o navio partido ao
meio, o lagarto conseguia andar por áreas íngremes onde nenhum outro tinha
acesso. Os braços do Pyrimids tentavam pegá-lo, mas sua agilidade era
invejável. Lesten saltava e dava piruetas no ar como um malabarista, enquanto
isso, Tootie assumiu a forma de um archeopteryx
feito de areia, uma espécie de ave dos tempos antigos, e começou a bicar com
força os tentáculos que se moviam como se tivessem consciência própria.
Assim que Lesten
alcançou o topo do mastro, deparou-se com Bill sentado sobre um enorme barril.
— Não me diga que você
estava se escondendo — disse o gecko furioso.
— Mas que coisa, só
porque não estou constantemente na linha de frente não significa que não
colaboro com a batalha. Sou um gatuno ardiloso, nobre companheiro réptil,
perito em furtividades e estratégias astutas. — Bill fez um breve sinal com a
mão e simplesmente chutou o barril que foi direto para a boca da criatura. —
Está na hora de alguns fogos de artifício!
O Pyrimids engoliu o
barril e uma explosão foi ouvida de dentro do seu estômago. A fumaça expelida
denunciava que Bill colocara pólvora o bastante ali dentro para dar-lhe uma
tremenda dor de barriga, o que o fez desacelerar o ritmo de seus ataques.
Bernard concentrou sua
mana para trazer o navio o mais próximo que pudesse da Ilha-S, onde a lula
gigante não pudesse alcançá-los, mas ainda era cedo para que o Pyrimids
desistisse de sua refeição. Assim que ele emergiu foi como se um prédio inteiro
saísse do meio do oceano — sua cabeça tinha o formato perfeitamente triangular,
como um molusco que escolhe uma concha grande demais para se acomodar; nela
estavam presos recifes, pequenos crustáceos, limo e até equipamentos de guerra
enferrujados; um verdadeiro bioma ambulante. Em lados opostos estavam seus
enormes olhos quase cinco vezes maiores que bolas de canhão, sua boca ficava
mais embaixo, logo, enquanto ele a protegesse parecia ser impossível de atacá-lo
em toda sua resistência.
— Esse é o monstro mais
maneiro que eu já vi! — gritou Ralph.
— Vai chamá-lo pra
equipe também? — Auria brincou. Seu amigo pareceu adorar a ideia.
O Navio Fantasma se
afastava devagar, os danos causados teriam destruído qualquer embarcação comum,
mas Bernard sempre se gabara de que “sua alma estava presa ao seu navio”, se
ela morresse, ele preferia afundar junto de sua amada.
Já perto da costa, o Pyrimids
não dava sinais de que iria parar. Um simples amontoado de terra não o
impediria; com seus tentáculos, ele puxava a areia no fundo com impulso para
mover-se. O pesado compartimento que ocupava cabeça servia como proteção para o
corpo gelatinoso frágil, ele avançava pela região rasa da costa com uma fome
insaciável.
— E o monstro continua
vindo! — falou Bill. — Gastei um bom estoque de pólvora nele.
— Se não pudermos
acertar a boca na base da pirâmide, será impossível derrotá-lo — concluiu
Tootie.
Os tentáculos que
haviam sido cortados começavam a se regenerar, apenas mais um sinal do quão
perigosas eram aquelas criaturas nos tempos antigos. Aedan continuava com as
mãos no bolso, preferira não participar da luta para analisar o nível de força
de seus companheiros da Ordem, mas a verdade era que ainda estava cansado e
indisposto desde sua luta com Ralph no vulcão.
Bernard concentrou as
forças em um de seus joelhos, bateu as pernas no chão e o convés inteiro tremeu
anunciando que o gigante acabara de acordar.
— Já estou cansado de
ver uma criatura asquerosa como você machucar minha amada!
Mesmo que não houvesse
um marinheiro sequer para manusear o leme ou limpar o convés, todo o navio era
controlado pelo capitão que o comandava. As fileiras de canhões se posicionaram
contra a pirâmide que se aproximava, disparando bolas de ferro que causaram
sérios danos na carapaça da criatura.
Quando um tentáculo
avançou em direção da cabine onde Elice estava alojada, Aedan estendeu o braço e
uma labareda de fogo incinerou o membro por completo. O tentáculo caiu tostado enquanto
Lesten o abocanhava contente.
— Oba, comida exótica! —
gritou o lagarto. — Mandou bem, cabeça de fogo!
Aedan apenas riu quando
lhe irrompeu a ideia de abrir um restaurante, Elice iria adorar.
O grupo se dividiu em
equipes que se se auxiliaram a descer do navio e afastar-se da costa onde a
criatura ainda os rondava. A presença do Pyrimids nos arredores colocaria em
perigo a segurança do Trem das Águas e de qualquer turista que se aproximasse
da ilha naquela época do ano. Elma permanecia na linha de frente com seu
exército de espadas, disposta a proteger seus amigos a qualquer custo.
— Cuidado para não
serem arrastados para a água! Se caírem no território dele, estarão realmente
encrencados — alertou a guardiã do pântano.
Quando o Pyrimids
alcançou a terra, ele se arrastava como um caracol vagaroso que transporta sua
casa. Estava claramente enfraquecido após a longa batalha, mas era como se a
criatura também estivesse empolgada com uma batalha após tantos anos sem um
adversário digno.
Com sua espada de
madeira, Ralph acertava a lula com cortes perfeito na cabeça. A criatura tentou
arrastar Tootie, mas Lee segurou a ponta de um dos tentáculos com os dois
braços e o puxou até arrancá-lo. Lesten se desviava com habilidade entre os
destroços de madeira quando sentiu que algo o agarrou pela cauda e puxou-o com
força em direção do fundo. O lagarto usava as garras para segurar-se em
qualquer superfície sólida, mas acabou largando suas armas e sendo tragado para
dentro do mar.
— Não! — Ralph gritou. Auria o puxou pela
camisa, impedindo-o de cometer qualquer loucura.
— Você não sabe nadar! —
respondeu a guerreira, prontificando-se a entrar em seu lugar. — Deixe isso
comigo.
Lee foi quem a impediu
na sequência, já arrancando a blusa e as botas.
— Sou mais rápido.
— Você é manco — ela argumentou.
— Não sabe o que sou
capaz de fazer com essa perna.
— Olha, se eu fosse
vocês, eu nem perderia tempo procurando a lagartixa — comentou Aedan, apontando
para uma coisa verde gosmenta que boiava perto da praia.
A cauda de Lesten
estava lá, mas não havia sinal dele.
O Pyrimids recuara após
ter sido brutalmente atacado pelos canhões do Navio Fantasma, os danos em sua
cabeça triangular foram intensos o bastante para que ele finalmente voltasse a
se esconder no buraco profundo de onde viera. Bernard apoiou-se na proa do
navio e esticou os braços, gritando com todas as forças:
— Vai fugir agora, seu
miserável? Nosso duelo não terminou! — O capitão viu a monstruosidade marinha
entrar na água e soltar uma densa camada de tinta que cobriu toda a superfície da
costa. — Um dia iremos nos reencontrar, seu bastardo!
A calmaria tomou conta
da região. Ralph andava entre os destroços, afastando móveis quebrados e toras
de madeira no caminho em busca de algum sinal de seu amigo. Viu uma pequena
fita vermelha flutuar, e imediatamente a reconheceu.
— L-Lesten — murmurou,
mas as palavras mal saíram de sua boca.
— Ele a deixava presa
na ponta da lança — comentou Auria, colocando a mão em seu ombro. — Eu sinto
muito...
Foi quando algo puxou a
mulher para dentro da água mais uma vez. A primeira reação de Ralph foi
resgatá-la, mas tudo que viu foi uma porção de bolhas saírem seguidas de Lesten
que mais parecia um jacaré rindo sem parar. Auria recuperou o fôlego toda
ensopada e ofegante, mas fez questão de acertar um soco na ponta do nariz do
lagarto para que ele aprendesse uma lição.
— Heh, heh. Assustei
vocês, né? — brincou o gecko. — Mas porra, que tapão doído você tem, hein?
— Pensamos que você estivesse
morto, e que péssima hora para brincadeiras! — Auria falou alto.
— Qual é, sou um exímio
Caçador de Monstros, não posso tombar diante da primeira criatura grande que eu
encontrar. Na verdade eu aproveitei para guardar um pedacinho, se liga! —
Lesten levantou um tentáculo que ainda se movia. — Vai ficar lindo na minha estante
junto com a pata da capivara mutante.
— Pensei que geckos terrestres não pudessem nadar — retrucou Lee.
— Correção: geckos não gostam de nadar, deixamos essa tarefa para nossos primos crocodilianos. E a propósito, por que só o ruivo ficou triste
diante da ideia de que eu tava morto? Que preconceito é esse?
Ralph abraçou Lesten com
força e os dois caíram na água rasa.
— Já não consigo
imaginar minha vida sem vocês!
Os guardiões da Ordem
do Selamento se aproximaram, aquela batalha fora uma excelente demonstração de
trabalho em equipe e todos estavam muito orgulhosos. Elice parecia minúscula de
cima do ombro do Capitão Bernard em cima, ela gritava alto enquanto os aplaudia
contente:
— Vocês conseguiram!
Realmente são heróis de verdade!
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