Capítulo 4
Auria estava
atrasada para a primeira aula, pois decidira comparecer de última hora. Por
coincidência, Ralph vinha correndo em sua direção. O encontro veio a surgir em
hora oportuna, apesar dele quase não a reconhecer. Auria vestia uma camisa azul
engomada, saia justa e um lacinho na cabeça. Estava toda produzida com maquiagem,
brincos e acessórios; os cabelos sedosos e bem penteados. Seria a mesma moça
que conhecera na última noite? Talvez o excesso a transformara em invisível. Era
como se estivesse lhe faltando algo, só não sabia dizer o quê.
— Oi, Auria! Eu
estava ansioso para encontrá-la, parece até que alguém a colocou no meu caminho
hoje — disse Ralph com um grito, fazendo-a se esconder atrás de uma parede. Ela
poderia sair correndo ou fingir que não o conhecia, mas a essa altura estavam próximos
demais para não chamar atenção.
— Veja só, se
não é o cabeça entalada... O que foi agora?
— Poxa, Auria, você
fala comigo como se eu estivesse fazendo algo de errado — Ralph respondeu. — Eu
fiz algo errado?
— Claro que não.
Quero dizer, sei lá. Estou atrasada para a aula.
— Tudo bem, eu
te espero aqui fora.
Auria continuou seu
caminho, mas pensou como seria rude de sua parte deixá-lo esperar por tanto
tempo, algumas vezes as aulas iam até às seis da tarde. Ao olhar para trás pôde
vê-lo sentado em um banco de madeira debaixo de um grande olmo que oferecia
sombra e um ponto tranquilo. Como estava atrasada de qualquer maneira, voltou
para saciar sua curiosidade.
— Então, para
qual setor foi escalado?
— Eu não fui
aceito.
— Sério? — ela
perguntou incrédula. — Isso é excelente, vai poder voltar para a sua família e amigos.
— Como assim? — O
rapaz não compreendia o motivo de tanta felicidade. — Tudo que eu mais quero é
servir o exército e me tornar um herói, mas parece que as pessoas estão tentando
me afastar desse sonho.
Auria disfarçou
um sorriso, sendo bem sucinta em admitir:
— É engraçado
você dizer isso. Seria ótimo se pudéssemos trocar de lugar.
— Mas você é uma
veterana! Como pode haver algo de ruim nisso?
— Não é tão
simples quanto parece. Eu sou uma Mercer e as pessoas esperam muito de mim.
Querem que eu realize grandes feitos, como todos de minha família. É como se eu
estivesse aprisionada por algemas invisíveis — Auria ergueu as mãos num gesto
simbólico, travava uma luta interna para admitir tudo em voz alta. — Eu me
acomodei e aceitei o destino que tentam traçar para mim, mas eu queria que
fosse diferente. Gostaria de ser forte o suficiente para superar essas
barreiras, mas... não sou.
Um longo
silêncio pairou entre eles.
— Você é
incrível — o rapaz admitiu com bondade. — Seu destino é ser incrível, não
consegue ver isso?
— Esse destino
idiota sempre aparece me impedindo de fazer o que quero.
— E o que você
quer?
— Ser grande, talvez.
— Mais ainda?! —
Ralph perguntou. — Você já é imensa, parece que estou falando com seus peitos...
com todo respeito, claro.
— Falo de outro
tipo de grandeza. — Auria caiu na risada. Ralph estava contente por arrancar um
sorriso dela. — Os alunos que
vêm para cá são tão capacitados quanto eu, cada um deles também sonha em se
tornar grandioso algum dia, mas será que todos nós teremos essa chance?
— Nós já temos muitos heróis no mundo,
mas isso não é motivo para que eu desista.
Auria não se lembrava da última vez
que ouvira alguém lhe dar conselhos que fossem úteis e não somente com o
intuito de julgá-la e repreendê-la. Era estranho, ainda mais vindo de alguém
tão mais jovem do que ela.
— Por que nunca
te chamaram? — Ralph perguntou.
— Eu não sei. Eu
só queria que as pessoas parassem de me proteger como se eu fosse uma florzinha
em um vaso de vidro, uma bonequinha de porcelana ou a princesa em perigo do
castelo. Eu queria poder lutar e defender a mim mesma e aos outros, os que
realmente precisam.
Os olhos de
Ralph brilharam ao ouvir aquelas palavras. Ele sentiu seu coração pulsar e
compreendeu o que sua mãe sempre lhe dissera sobre as peças do quebra-cabeça.
— Obrigado pela
conversa, era o que eu precisava ouvir.
— O que está
pensando em fazer?
— Só me dê até
amanhã e não vai se arrepender.
Auria manteve-se
séria. Ralph fez um aceno bobo com as mãos e depois foi embora pela estrada de
terra. Perguntava-se o que estaria aprontando, correndo pelas trilhas com uma
espada de madeira, sem ser impedido por nada nem ninguém. Ela escondeu um
sorriso ao pensar na sensação, pensava em como seria bom ser livre para sair e
fazer o que quisesse.
Por fim, o sinal
tocou. Auria arrumou suas coisas e entrou na academia para a segunda aula, mas
com os pensamentos distantes, refletindo sobre todos os lugares que nunca
tivera a chance de estar. Queria entender o que se passava na mente de Ralph
com seus hábitos espontâneos. Auria queria acreditar que ele era a saída para
sua rotina que não mais avançava, apenas regredia. Ao mesmo tempo, era melhor
não colocar muitas esperanças. As pessoas gostavam de decepcioná-la.
Ele era
diferente dos geckos — e também dos humanos —, na verdade, era diferente de
tudo que já conhecera.
i
Na manhã
seguinte, Ralph não apareceu.
Auria estava
chegando à sala de aula quando avistou os outros alunos se apressarem no
corredor, estavam eufóricos. Ninguém previra a chegada ou havia se preparado
para o evento, na época não passavam de boatos.
— Dawn, o que
aconteceu com todo mundo? — Auria perguntou para uma companheira dos treinos de
magia que passava ao seu lado carregando cinco livros.
— Lembra quando
disseram no começo do ano passado que um oficial poderia visitar a academia?
Demorou tanto para acontecer que ninguém mais acreditava, e agora, por falta de
um oficial, são dois Classe A! Um deles é o general que participou da batalha
em Cortina Escarlate e ajudou o rei a derrubar Rudsi, da Coroa de Ferro. Ele é
um dos maiores heróis dessa geração — Dawn respondeu com pressa enquanto corria
para o pátio. — E vai selecionar os melhores alunos para o seu próprio batalhão!
Auria ficou
perplexa ao ouvir aquilo. Não perderia nem mais um segundo. O destino tentava lhe
esticar a mão uma última vez e essa era a sua chance.
Ela espremeu-se
entre os alunos que se amontoavam no portão de entrada. Era possível ver de
longe uma fileira de soldados trajados no uniforme de Perpetua, uma das regiões
gélidas do sul. Apesar de estarem em um local de clima litorâneo, as vestes dos
guerreiros eram pomposas e preparadas para o frio rigoroso, tinham longas capas
e elmos que lhes cobriam o rosto em um arco esculpido que ia até a ponta do
queixo. Estavam com a fronte erguida e porte firme, nenhum deles dizia sequer
uma palavra e os alunos se impressionavam com tamanha obediência. Queriam ser
como aquele que os liderava.
No meio da
fileira feita pelos soldados, um homem caminhava com passos leves e sem som.
Auria espremeu-se entre dois colegas para vê-lo melhor, as garotas sentiam o
coração palpitar e os rapazes enchiam-se de admiração. O oficial tinha o cabelo
perolado, suas feições eram suaves como as de uma escultura áurea, uma obra fina
— lembrava o rosto de um anjo que decide descer a terra somente para ser
contemplado e admirado pelos reles mortais. Um detalhe que chamava atenção era
que um de seus olhos era branco, mas ele não parecia ter perdido a visão em
combate; duvidava que existisse algum inimigo capaz de tal feito.
Os rumores se
provaram corretos. Não havia apenas um, mas dois
generais. O tempo mudou, o sol escondeu-se atrás de nuvens cinzentas e a
temperatura caiu de súbito. Auria teve a impressão de que viu um floco de neve
dançar em sua frente em pleno verão. A poucos metros de distância passava um oficial
de igual estatura, porém mais encorpado e rosto rígido. Sua armadura refletia
como um espelho e tinha um tom azulado que lembrava cristais. Este, por sua vez,
tinha cabelos azulados e era muito observador. Caminhava sempre ao lado do outro,
sem estar nem um passo a frente ou atrás.
O diretor da
academia, um sujeito que ninguém via em ocasião alguma e que nem os alunos mais
antigos sabiam o nome, apareceu correndo para recebê-los.
— Saudações da Vila
das Pérolas, meus senhores — disse o diretor, cansado pela corrida de sua sala
no terceiro andar onde não era perturbado até o térreo.
O homem do olho
esbranquiçado fez um cumprimento leve com a cabeça. Até mesmo a forma como se
movimentava parecia angelical, como se ele desse o perdão divino. Era difícil
imaginar um ser humano como ele em uma guerra, rodeado por morte e sofrimento.
Ele era como a luz que deve ser seguida.
— Senhor diretor
— começou de maneira mansa, a própria voz era uma oração —, meu nome é Raito, a
Luz do Alvorecer, General Classe A da raça humana e chefe da primeira divisão
do rei em Constantia. Este é Lloyd, da província de Perpetua, linhagem dos
King, General Classe A da raça dos tótines.
O sobrenome King
tinha impacto em qualquer região que se pronunciasse. Descendente de uma
linhagem de humanos e uma raça mágica conhecida como tótines, a família King aperfeiçoara
a magia a ponto de dominá-la sem precisar da influência de nenhuma feitiçaria ou
mecanismo externo. Lloyd
King era o responsável pela súbita mudança no tempo, um homem capaz de
controlar elementos ligados ao gelo e usá-los para submeter seus batalhões a
condições extremas.
O diretor acariciava
as próprias mãos e só faltava esticar-se no chão para que passassem por cima
dele.
— A que lhes
devo a honra desta visita?
— Viemos olhar
seus alunos — disse Lloyd King com sua voz grossa e charmosa. — Gostaríamos que
reunissem alguns para uma exibição de habilidades.
— M-mas assim de
súbito?
— Uma guerra não
espera nossa hora de escolha para tomar início. São os que dormem com um olho
aberto que não são pegos pelas ciladas — respondeu Raito. — Partimos hoje com
aqueles que julgarmos dignos de andar ao nosso lado, então, espero que não nos
deixe esperando.
Raito virou o
rosto e, por um breve instante, seus olhos pararam em Auria. Ele parecia cego
mesmo, seu olho direito era branco. Como
alguém com a vista prejudicada conseguiu chegar tão longe?, perguntava-se. Estava
diante de um general de verdade — com apenas quinze anos, Raito liderou a
primeira divisão das tropas do rei contra Rudsi, da Coroa de Ferro, colocando
um fim ao mal que atormentara Sellure por uma geração inteira. Tornou-se herói
para o povo e foi reconhecido como um dos oficiais mais próximos do rei.
O diretor
afastou-se e convocou uma reunião com os professores de cada área. Quantos
alunos deveriam convocar? Para quantos dariam aquela chance? Os mestres e
tutores haviam sido pegos tão despreparados quanto seus pupilos. Não havia a
opção de fazerem fila nem organizarem uma votação, agora o que contava era o
desempenho particular de cada um e as notas que vinham acumulando nos últimos
anos.
Auria tentou
acompanhar os oficiais, tinha muitas perguntas e elogios a fazer, mas os dois
homens foram direcionados para uma sala em particular nos andares mais altos da
torre principal onde não seriam perturbados. Só lhe restava esperar e torcer
pela chance de dar o seu melhor, seu destino não estava mais em suas mãos.
ii
Raito caminhou
até uma das janelas da sala que davam visão para a costa. A Ilha dos Geckos
revelava-se magnífica no mar distante, o oficial não conseguia tirar os olhos
dela. A temperatura no aposento despencara como se alguém tivesse deixado o ar-condicionado
ligado uma noite inteira.
— Você não
consegue se controlar mesmo... O que te faz preferir o frio? — perguntou Raito.
— As pessoas se
vestem melhor — respondeu Lloyd, deixando o frigobar aberto enquanto procurava
algo para beber sem sucesso. — Ao invés de nos adaptarmos ao calor litorâneo
não seria uma boa ideia se as pessoas se adaptassem ao frio agradável de
Perpetua? Afinal, como foi que viemos parar nesse fim de mundo? Eu não mereço
estar aqui...
— Por que você
veio então?
— Quis tirar uma
folga dos afazeres na fortaleza.
— Por que não
estou surpreso? — Raito soltou um suspiro.
Lloyd encontrou
um vinho de uma safra razoável na adega particular do diretor. Como eram
convidados ilustres, abriu a garrafa e logo compartilhou uma taça com seu
companheiro. Os dois brindaram, Lloyd tocou o vidro com a ponta do indicador e
cinco pequenos cubos de gelo se formaram. Raito teve de devolver um olhar
reprovador.
— Ninguém toma
vinho assim, é deselegante — ele disse com um sorriso de canto. Seu companheiro
apenas deu de ombros.
Após um breve
minuto para degustar a bebida, Lloyd espreguiçou-se no sofá e tentou ajeitar-se
com toda aquela armadura pesada que só servia para intimidar.
— Acha que
encontraremos alguém bom para nosso batalhão?
— Talvez. Nós
também já fomos meros soldados Classe E, veja aonde chegamos. Encontramos os
heróis onde menos se espera — respondeu Raito, mexendo sua taça. — Afinal, eu
também iniciei meus treinos na Vila das Pérolas quando completei quinze anos. Parece
que foi ontem... Estamos ficando velhos, Lloyd.
— Nem me fale.
Eu gostaria de voltar para a época em que carregar uma espada me fazia
sentir-se protegido e eu ainda acreditava que servir o exército me faria um
herói.
— E a propósito,
você viu a mesma pessoa que eu?
— Vi pelo menos
uns trezentos rostos diferentes só na última hora — respondeu Lloyd. — Mas
confesso que dentre eles pude distinguir garotas... notáveis. Estou pensando em
convidar algumas para o meu batalhão, por mim não seria necessário nem um teste
de admissão.
Raito fez um
sinal para que ele olhasse pela janela. Havia uma garota alta de cabelos negros
conversando com um rapaz.
— É uma das
Mercer.
— Você só pode
estar brincando. Pela graça de Araya, é ela mesmo. A mais nova, não? Eu me
lembro dela como uma garotinha de vestido manchado na festa, isso já deve ter
uns três anos. Essas mulheres amadurecem muito rápido... Está enorme agora,
literalmente, tanto na altura quanto nos... — Ele moveu as duas mãos em torno
do peito em gestos de apertar. — Impossível não notar.
— A Srta. Lydia exigiu
que Auria ficasse o mais longe possível da guerra. A mera suposição de vê-la na
linha de frente a enlouqueceria. Com o poder e a influência que sua família tem
em mãos, não duvido que uma mulher como ela tenha movido algumas peças para
manter sua irmã presa na academia de treino.
— O que uma
Mercer quer, ela consegue.
— Nem tudo —
Raito falou de forma enigmática, contemplando a paisagem. Virou-se para seu
amigo e brincou ao falar de forma convencida: — Lydia ainda não me conquistou.
Raito sabia melhor
do que qualquer um de sua boa aparência e posição como general. Lloyd só
conseguia rir e balançar a cabeça.
— Pode ficar com
ela — Raito respondeu com descaso.
— Você é o único
homem que recusou a mulher mais desejada de Sellure.
— Poupe-me
dessa, Lloyd. Aqui estamos nós, os dois primogênitos das famílias mais
poderosas desse reino, discutindo como cavalheiros a mão da mulher mais
insuportável que já existiu. — Raito riu e deu a última golada, bebendo como um
degustador profissional. — Saúde.
— Mais vinho?
— Sem gelo. —
Raito ergueu sua taça de cristal. — E, se perguntarem, estamos discutindo
táticas de guerra.
— Você fala como
se eu não soubesse.
iii
Os veteranos estavam
devidamente posicionados. Nenhum novato recebeu chance. Foram escolhidos mais
de cinquenta alunos da academia, cada um teria pouco mais de um minuto para
demonstrar suas táticas e estratégias com um armamento de escolha dos
professores, tendo como intuito destacar o fato de que a Vila das Pérolas tinha
grandes peritos em todas as áreas.
Auria ficara
quase vinte minutos conversando com um de seus professores para dar-lhe a
chance de mostrar do que era capaz. A lista fora exposta no quadro de avisos no
pátio e ela quase surtou quando viu seu nome em ordem alfabética, na terceira posição.
— Achei — Auria
sentiu o coração palpitar mais depressa. Continuou seguindo a linha de seu nome
com o dedo até que reparou no equipamento que haviam escolhido para ela: — Arco
e flecha? Mas eu nunca acertei um alvo na minha vida!
O homem sentado
na mesa ao lado apenas deu de ombros e falou:
— Perguntamos a
um amigo próximo seu. Ele disse que você era boa.
— Eu sou péssima. — “Que
amigo será que foi esse?”, pensou. — Escuta aqui, não tem como mudar? Por
favor, coloque-me com uma espada ou até mesmo um machado, qualquer coisa menos
arco e flecha. Não quero passar vergonha.
O homem pareceu
concordar meio que contra sua vontade. Veria o que poderia fazer. Auria saiu
dali — embora não satisfeita — e foi
observar como os demais participantes se preparavam. Caso os generais
selecionassem um indivíduo, este soldado seria promovido do Rank E para o D e
estaria dentro do exército, pronto para iniciar uma nova fase.
Sua apresentação
seria dentro de uma hora. Encontrou conhecidos por toda a parte, mas procurava
por uma figura ruiva naquele meio, Ralph teria adorado aquele show. Foi surpreendida quando Yellem
aproximou-se com sua bainha debaixo do braço, ele esticou-lhe a mão e os dois
se cumprimentaram.
— Você deveria
me agradecer, fui eu quem colocou seu nome na lista — afirmou Yellem.
— Sério? Te devo
uma — Auria deu um soco no ombro do rapaz que até se afastou.
— Você será a
segunda a se exibir, é bom estar preparada. E a propósito, escolhi arco e
flecha como sua arma. Eu não sabia direito quais eram suas habilidades, então
achei a opção mais viável para uma mulher delicada que precisa estar longe do
perigo.
— Quanto a isso
não poderei agradecer-lhe.
— Bem, o que
posso fazer? Você não parece ser excepcional em nada.
Auria mordeu o
lábio inferior e franziu o cenho, estava chateada com o que acabara de ouvir,
mas não surpresa.
Yellem voltou a
atenção para a arena de luta.
— Fique
tranquila, tenho tudo sob controle.
A hora seguinte
avançou depressa, logo Raito estava sentado sobre um palco improvisado e Lloyd
jazia de pé ao seu lado, encarando cada aluno com atenção. Um vento leve
soprava e o ar estava pesado, Auria desejou estar com sua jaqueta para
protegê-la.
— Podemos
começar? — o diretor perguntou com as mãos trêmulas. — O primeiro aluno da
lista está pronto para começar sua apresentação, em ordem alfabética.
Raito
aproximou-se do ouvido do diretor e falou bem baixinho:
— Comecem pelo
oposto.
O diretor
arregalou os olhos de pavor. Imprevisível, como sempre. Onde estava o último
aluno da lista, alguém com a letra Z no primeiro nome? Assim que a informação
correu solta, Auria sentiu-se péssima, pois agora seria a penúltima a
apresentar-se e levaria horas até que chegasse a sua vez, isso se o oficial não
estivesse farto até lá. Seguindo a ordem estabelecida, seu companheiro Yellem
inauguraria as apresentações.
O rapaz foi até
o centro da arena e fez um cumprimento cortês, mantendo o nariz empinado e o
queixo erguido. A plateia permanecia em silêncio absoluto. Raito o encarou com
calma, sem dizer nenhuma palavra, como se conhecesse aquele garoto há mais
tempo do que se esperava. Rolavam boatos de que ele era algum parente da
família. Se aquilo fosse mesmo verdade, fariam o possível para colocar Yellem
dentro do regimento e não havia quem pudesse contestar. As peças se encaixavam com
tamanha perfeição que era difícil não acreditar. Se Yellem garantisse seu
espaço, se ele passasse, quem sabe pudesse levar Auria também?
“Tenho tudo sob
controle”, ele dissera. Nunca antes teve tanta certeza de que os três longos
anos de espera chegariam ao fim.
Yellem brandiu
sua espada e começou com movimentos leves, como se estivesse em uma dança de
esgrima. Pulava de um lado para o outro e estava o tempo todo se exibindo para
seus colegas ao redor. Lloyd estava mais sério do que nunca. Yellem não
percebeu que havia chegado a hora de parar e continuou sua apresentação por mais
trinta segundos depois que seu tempo expirou e ninguém ousou interromper. Os
oficiais não tiravam os olhos do estudante que finalizou a cena bem em frente
ao palco e guardou sua espada na bainha, ajoelhando-se em sua frente. Raito
levantou-se, os professores e mestres presentes na academia fizeram o mesmo. Observava
os alunos com seus olhos insondáveis, a esfera branca no lado direito parecia
conseguir enxergar os desejos mais profundos de cada um.
— Você é bom —
Raito admitiu, procurando encorajá-lo. — Mas ainda não está pronto.
— Permita-me servi-lo, meu senhor — disse Yellem,
procurando manter a compostura. — Permita-me protegê-lo na guerra e batalhar
por nossa bandeira e aprender com os demais. Irei segui-lo e obedecê-lo, sou
capaz de superar o medo ao seu lado, deixarei a arrogância e os maus hábitos. Prometo
respeitá-lo como meu senhor até o fim de meus dias.
Yellem espiou de
relance e viu que Raito continuava parado em sua frente. O oficial revelou um
sorriso franco de compaixão, mas não lhe esticou a mão.
— Um belo discurso.
Você é habilidoso com uma espada, apesar de que na guerra não terá tanto espaço
para dançar. Suas palavras também não causariam danos. Volto a repetir: você
não está preparado.
— Senhor — começou
Yellem, perdendo-se em suas próprias falas. — Senhor, eu...
— Obrigado pela
apresentação. Pode voltar ao seu posto.
— O senhor não tem
o direito de me menosprezar!
O diretor da
escola arregalou os olhos com a resposta grosseira. Yellem surtou ao ouvir
risadinhas às suas costas. Raito respirou fundo e olhou para os mestres e
professores da academia que não tinham palavras para expressar a vergonha
quanto a tamanho desrespeito.
— Por que você
acha que eu não tenho o direito? Não estou ofendendo ninguém, estou apenas
aconselhando, mas me parece que você não sabe receber críticas construtivas —
disse Raito. — Estou selecionando soldados, e não as crianças mais comportadas
para uma excursão.
— O meu pai —
Yellem começou —, ele é grande. É um homem respeitado. Se você não...
— Qual seu
sobrenome?
— Chermont.
— Muito bem,
jovem Chermont, eu não faço ideia de quem seja seu pai, mas há poucos homens
neste reino que podem me dar ordens. Eu só recebo ordens do rei — falou Raito
num tom autoritário —, ele, sim, é ordem e justiça absoluta.
Assim que parou,
o oficial dirigiu seu olhar para Yellem.
— Eu ouvi o
suficiente por hoje. Jovens com técnica, mas sem caráter. A Vila das Pérolas
não está pronta para oferecer seus alunos para a Fortaleza da Pedra Azul em
Constantia. Recomendo que parem de tentar copiar seus ídolos e heróis, vocês
não repetirão os mesmos feitos das lendas que marcaram época; vocês não são
eles. Agradeço a compreensão e paciência, dediquem-se e continuem treinando
para serem autênticos e eficientes. Para este novo semestre que se inicia, desejo
apenas que sejam melhores.
Raito retornou
para o palco, agradeceu a visita dos professores e ofereceu-se para enviar mais
recursos de modo que pudessem aprimorar a base na academia.
— Eu muito
estimo este lugar — disse com a voz tranquila —, mas o nível parece ter decaído
um pouco.
Ele virou-se com
seus homens para deixar a Vila das Pérolas. Yellem continuava com os joelhos
dobrados no chão, suas mãos tremiam e alguns amigos o consolavam. Auria estava
pasma, pensava na maneira como Yellem agira, nos boatos falsos e em seus planos
que terminaram frustrados. Ela nem mesmo tivera a chance de apresentar-se. Na
tensão do momento abandonou o pátio e correu para onde o pequeno esquadrão de escolta
de Raito seguia. Dois soldados a abordaram quando a viram correndo e o próprio
Lloyd virou-se ao ouvir uma voz gritar:
— Esperem! Por
favor, esperem!
Lloyd tossiu e
falou com discrição no ouvido do companheiro:
— É a irmã da
Lydia...
Raito concordou
com a cabeça e voltou-se cordialmente para ela.
— Auria Mercer. —
Sorriu da maneira mais educada e prestativa que conseguiu.
— O senhor sabe
meu nome? — Talvez ainda tivesse uma chance. — Por favor, senhor Raito, dê-me a
oportunidade de mostrar a minha capacidade e servi-lo. Sou veterana do curso,
estou aqui há três anos e nunca estive tão pronta.
Ele respirou
fundo e pediu para que seus soldados aguardassem um instante.
— Eu permitirei
que você entre no meu regimento — disse Raito, fazendo uma pausa curta —, se me
responder apenas uma pergunta.
Auria sentiu seu
coração acelerar. Ela acenou com a cabeça diversas vezes, esperava todo o tipo
de questões impossíveis e particulares, mas Raito foi claro ao recitar:
— Você está
preparada para morrer pelo seu povo?
— Sim, mais do
que tudo nessa vida — Auria respondeu com convicção.
— Então,
desculpe-me, mas você não está preparada para entrar em meu batalhão.
Ele virou-se,
deixando para trás a guerreira imersa em suas palavras. Os dois oficiais
caminhavam com passos firmes, Auria não entendia como aquela poderia ser a
resposta errada e precisava ouvir de alguém que respeitava:
— Senhor, só me
responda uma pergunta também... — ela falou com a voz trêmula. — Por quê? Por
que não estou preparada?
Raito pensou em
todas as respostas possíveis, naquelas que destruiriam sonhos e naquelas que a
empenhariam a continuar tentando. Palavras bondosas e categóricas, ou diretas e
sucintas?
— Você é...
fraca, Auria. Pensa que apenas com coragem, heroísmo e força de vontade vai ser
capaz de mudar o mundo, mas não é assim que as coisas funcionam.
Não houve nenhum
“treine mais” ou “continue tentando”. Era como se não houvesse esperança alguma
para alguém como ela. As palavras doíam mais em seu peito do que no de qualquer
outro.
Quando os
oficiais estavam a uma distância razoável, Lloyd comentou com discrição:
— Acho maldade a
Lydia não deixar a irmã mais nova entrar no exército. Ela parece boa.
— Prefiro perder
um bom soldado a ouvi-la gritar na minha orelha quando voltarmos — respondeu
Raito. — Além do mais, a irmã do meio, Diana Mercer, é minha estrategista. Como
acha que ela se sentiria ao ter de mandar a própria irmã para a linha de
frente? Ninguém nunca estará pronto para isso. Essa garota estará protegida
aqui, longe da guerra. Não devemos incitá-la a continuar tentando. No fim desse
semestre, daremos as condições para que ela volte para casa.
Raito pensou em
como alguém construiria uma reputação de respeito sendo que sua família era
forte e influente por si só. Durante toda a vida lutara para ser reconhecido,
não tivera um pai presente para guiá-lo e no fundo invejava qualquer um
agraciado pela oportunidade.
— Vou ser
sincero com você, Lloyd. Torço para que um dia Auria Mercer seja capaz de
libertar-se das correntes que a prendem. Porque quando esse dia chegar, ninguém
vai conseguir impedi-la.
— As Mercer são
poderosas por nascença — comentou Lloyd. — Abençoada seja esta família de
mulheres lindas!
Hora de uma Reflexão pessoal minha... (Talvez seja mais virada para uma teoria?)
ResponderExcluirBom, eu sei que ainda é demasiado cedo para chegar a conclusões precipitadas, mas como eu sou alguém que adora explorar o tema em questão, não pude deixar de o comentar.
Para começar, eu não tenho a certeza da ideia que irei defender, como eu disse, é demasiado cedo para estas conclusões, por isso se eu disser algo incorreto, peço desculpa.
''O sobrenome King tinha impacto em qualquer região que se pronunciasse. Descendente de uma linhagem de humanos e uma raça mágica conhecida como tótines, a família King aperfeiçoara a magia a ponto de domina-la sem precisar da influência de nenhuma feitiçaria ou mecanismo externo.''
Mesmo não sendo algo referido diretamente ao longo do Capitulo, no meu entender, tal excerto significa que a família King é uma família de... Híbridos?
Porém, se o Lloyd é realmente um Híbrido e é considerado um herói, em qual ponto eu quero chegar com este facto?
De acordo com o especial ''O passado do Ralph'', é do meu entender, através dos personagens Rebecca e Claus, que os Híbridos são claramente muito mal vistos dentro da sociedade. Portanto, se um Humano x Geckoo não é algo aceitável, como é que um Humano x Tótine e a sua família acabaram convertidas em ''heróis respeitados''?
Sim, eu tenho a noção que em termos de aparência os Humanos e Tótines são muito semelhantes entre si, um Híbrido destas Raças acabaria com características físicas pouco ''horríveis, nojentas e marcantes'', ao contrário dos Híbridos de Geckoo. Por outro lado e analisando todas as referências, os Geckoos são claramente uma Raça muito mal vista entre todos, ao contrario dos Tótines.
Mas mesmo assim, apesar dos Geckoos serem ''odiados'' e os Tótines não, um filho entre Humano x Tótine não seria para o povo de Sellure igualmente algo ''incorreto''?
Então... Seguindo essa lógica(Sim, eu tenho noção que isto é uma historia de fantasia e a lógica não interessa, mas temos que admitir: ás vezes ela é útil )...
Como é que o Lloyd acabou sendo um guerreiro honrado e muito respeitado? (pelo menos nesta Academia ou província, pois se ''O sobrenome King tinha impacto em qualquer região que se pronunciasse'', pode ser um impacto tanto positivo quanto negativo(?))
''Nós também já fomos meros soldados Classe E, Lloyd, veja aonde chegamos.''
E se ele é realmente um ''Híbrido'', o Lloyd na sua juventude como guerreiro não foi rejeitado pelas academias de treino? No entender do excerto em cima, parece que ele era, como referido, um mero e simples soldado e não recebeu sobre a sua pele qualquer tipo de preconceito.
E como é que o rei aceitou um Híbrido como oficial? E sobre o personagem em si, como ele conseguiu entrar de facto no exercito?
Ou ele escondeu sua identidade como um King (tendo em conta que, de acordo com a ficha da personagem, este tem uma relação negativa com sua família), ou ninguém sabia que ele era um Híbrido... Ou então a Rebecca e o Claus só são ''rejeitados e odiados'' apenas por terem a parte Geckoo e dessa forma os restantes géneros de Híbridos no reino são aceites? (como sabemos, os Geckoos tem uma má relação com as restantes Raças). E um Híbrido considerado um Herói? Num universo onde os Híbridos em si são rejeitados, isso é sequer possível?
Agora eis umas questões:
Toda esta conversa é apenas a minha imaginação ou confusão e a família King não é composta por Híbridos nenhuns?
Foi uma falta de atenção que deu origem a um pequeno ''erro de enredo''?
É algo que em breve será explicado?
Ou é um facto que será explorado melhor numa trama do futuro?
Shii e suas teorias kkkk Mas devo admitir que foi um detalhe muito curioso esse que você citou. A trama do Matéria não gira muito em torno de híbridos, essa ideia de preconceito que vemos tão presente nos primeiros capítulos se perde conforme a história avança, dando mais espaço para a clássica aventura. Entretanto, pretendo trabalhar com esse tema nos volumes futuros, especialmente os últimos que tomam um tom muito mais sério.
ExcluirEu realmente não me toquei que eu estava fazendo os geckos sofrerem tanto preconceito a mais que os tótines, mas tenho uma explicação. Claus e Rebecca são crianças e seus "defeitos" são visíveis, as outras crianças vão olhá-los e achá-los horríveis porque não dá pra esconder, isso os fez sentir vergonha de seus problemas a vida toda. Mas quando os dois crescerem e aparecerem no Livro 2, Claus poderá usar suas garras para bater e rasgar como nenhum outro humano, e a Rebecca poderia escalar paredes e pular mais alto. Obviamente, o preconceito sempre vai existir, mas eles podem provar suas qualidades e superar os defeitos. Para sintetizar essa experiência, tem uma frase do Tyrion, o anão do Game of Thrones, que gosto muito:
"Nunca se esqueça o que você é, porque é certo que o resto do mundo não esquecerá. Faça disso sua força. Assim, não poderá ser nunca a sua fraqueza. Arme-se com esta lembrança, e ela nunca poderá ser usada para lhe magoar."
CONTINUAÇÃO DO COMENTÁRIO, rs.
ExcluirOs tótines são idênticos aos humanos e isso não acarreta em nenhuma mudança física, mas Lloyd e a família dos King sofreram preconceito sim quando menores. No Reino de Sellure, dificilmente alguém gosta de híbridos, mas quando este híbrido se torna poderoso e começa a destruir grandes inimigos, cada raça vai lutar até o fim para tê-lo do seu lado. Foi realmente isso que aconteceu com Lloyd e seu irmão Volker, eles eram excluídos, mas se destacaram até que as pessoas os respeitassem e o próprio governo disputasse por eles. No fim das contas, eles lutam pela raça dos Humanos.
Mas os tótines não saem ganhando nessa história. Houve um período em que eles foram caçados porque sua magia era tão misteriosa que algumas pessoas ruins queriam descobrir como manipulá-la. Os geckos, por outro lado, nunca precisaram fugir de ninguém.
Eu ainda não tive a possibilidade de explorar o passado dos King, e sinceramente eu nem pretendia, mas aposto que daria uma baita história! Quando eu for contar mais sobre a infância do Raito num futuro distante, com certeza vou mencionar esses detalhes que você citou, Shii. Seria importante mostrar como o Lloyd teve problemas para se inscrever na academia e o preconceito que ele sofreu antes de domar seu elemento.
Obrigado pela explicação! :3
ExcluirAgora sim as coisas fazem mais sentido! Não é por um motivo qualquer que algumas pessoas me chamam de ''Rainha dos Híbridos'' (sqn) kk
Este Capitulo foi tanto superficial com as descrições na área que pareceu que os King e o próprio Lloyd não sofriam qualquer tipo de rejeição, mas fico feliz em saber que este lado da historia será explorado e que de facto esse preconceito existiu!
Sobre o poder dos Híbridos e os interesses na guerra, eu já imaginava algo assim, mas esqueci de citar no cometário anterior. É tão irónico, as sociedades conseguem ser tão, digamos, ''nojentas'', até chegar a esse ponto...
(Por algum motivo, acabei imaginando um grupo de cientistas criando e estudando Híbridos pelo interesse do Governo, ''guerreiros artificiais'' que seriam manipulados ao ponto de serem meros bonecos durante uma guerra, acho que até daria um bom enredo kkk)
O poder de duas, ou mais Raças misturadas pode ser realmente imenso (sim, pode existir tal possibilidade: o avô ou um dos pais pode ser um Híbrido que acabou se relacionando com outra Raça, logo o filho pode acabar com genes de três Raças diferentes). Estou impressionada por saber que deu valor a esse detalhe importante sobre as potencialidades do poder, devido a tal mistura prevejo que a família King e o próprio Lloyd serão guerreiros bem poderoso quase imbatíveis! (ou não)
Agora resta saber se Matéria terá os Híbridos mais fracos, aqueles doentes e com defeitos graves, e o que as pessoas fazem com eles.
Olha só, sem querer você descobriu um dos arcos futuros mais importantes da história, Shii! E acertou em cheio kkk Existe um cientista que aprisionava os tótines no passado para aprender mais sobre a sua magia, ele não trabalha para o governo, mas se ele conseguir colocar as mãos em uma magia que seja capaz de criar "cópias" para combater o inimigo no lugar das pessoas durante a guerra, com certeza o governo iria se interessar. Ainda será dito muito disso no primeiro livro, mas quero tratar dessa perseguição que os tótines sofreram num dos especiais do blog, que é quando mostrarei o passado dos membros da Ordem do Selamento. Agora que vocês já viram os desenhos deles, está na hora de descobrirem as personalidades.
ExcluirCanas, gostei do capítulo e espero ansiosamente pelo próximo! Só estou triste porque tivemos pouco Ralph aqui.
ResponderExcluirMas bem, eu só posso dizer que o Lloyd e o Raito naquela cena da discussão sobre Lydia estavam mais preguiçosos do que eu! E man, você não sabe como eu torcia para que o cáp terminasse com os dois Generais vendo o Ralph batendo a espada numa árvore e falassem "WTF?!" mesmo que ele não fizesse parte da academia.
Mas bem, um detalhe que eu achei bacana, porque eu sou doidão é o fato de todo mundo falar dos peitos da Auria, isso foi show! Ah? Peraí, Auria, não falei nada de mais, pra quê essa espada? Espera, que intenção assassina é essa? Não, não me bate, nããããoooooooo!!!!!!....
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(Surrado) Bem Canas, voltei, e prosseguindo, esse Yellem é bem daqueles meio "inconha riquinho" né? NÉ?! Pois é, mas então, thanks for the chapter, man!
Não se preocupe, Sir, teremos muito do Ralph até o final da jornada, então de vez em quando dou um sumiço nele porque quero que vocês conheçam vários secundários que serão bem legais também kk Ah, acho que o Ralph não está nem pronto para ver um general frente a frente, imagina só o que ele poderia causar! kkkkkkkk Mas beeeeem lá na frente, espero que você se lembre desse seu comentário e pense: Caramba, se o Ralph tivesse conhecido os dois generais naquele fatídico dia, tudo teria sido diferente.
Excluirkkkkkk Auria é a princesa dos boobs por enquanto, mas acho que uma das irmãs dela consegue ser a rainha. A Lydia, que é a mais velha, foi a personagem que originou a Wiki, pra você ter ideia. Ela é tipo a mãe da Wiki, a primeira personagem de cabelo curto que desenhei na minha vida, então seria mais tarada de todas hahah Quem acessa Sinnoh desde o começo até já conheceu ela, entre 2011 e 2012 eu tinha um desenho de uma personagem chamada Lightness na Galeria de Fanarts. Lightness era o nome antigo da Lydia, isso significa que Matéria nos acompanhou desde aquela época, o easter egg mais antigo da história kkkkkkkk
HOLY hell, Auria in a dress?! Talk about shocking!
ResponderExcluirBut yes, poor girl, and very ironic in how her fortunate positon holds her back, really loved the sort of cold and anyalitcal personalities you gave those two and even how the whole tourny was set up. Love as well how you built up their lore with all their heroic deeds and even all these noble families. Damn well done.
Tough girls in a dress are awesome <3 I'm writing a chapter with a scene where Auria goes to a party, it's a little piece of her past and her struggles with her family, I hope it turns out well :)
ExcluirBoth new characters from the chapter are very important in the future, they are powerful figures in the war and it turns out they have some importance in Ralph's life too. I'm happy to see you here pal, I hope you're having a nice time!