Imaginetrium - Materializando Sonhos [Resenha]
"Um sistema onde todos podem ser iguais é aparentemente perfeito. Mas onde se encaixam aqueles que ignoram o roteiro e decidem os seus próprios sonhos? Eles não se encaixam. Eles simplesmente desaparecem.
Anthony vê seu melhor amigo ser sequestrado pela Máfia e jura para si mesmo que fará de tudo para resgatá- lo. Não podendo recorrer à polícia, Tony conta apenas com um aliado inesperado: um velho louco.
Disposto a tudo, o garoto não faz ideia do que o espera em sua jornada."
Autor(a): Andrey Gaio Lima e Daniel Jahchan
Editora: Novo Século
Lançamento: 2018
Altura e largura: 21 x 14 cm
Número de páginas: 176
Gênero: Aventura, fantasia, ficção, infantojuvenil.
Gênero: Aventura, fantasia, ficção, infantojuvenil.
Por que escolhi essa obra?
Eu tive o prazer de conhecer o Daniel Jahchan e compartilhar de seu talento no lançamento da antologia "As Lendas de Colina" da qual também faço parte. Tomei conhecimento de Imaginetrium através de suas redes sociais, o projeto estava na fase final de publicação, com capa e tudo pronto. O livro é um trabalho em conjunto com Andrey Gaio Lima do canal Batima Animes. Vamos ver o que essa dupla inusitada preparou para nós?
Imaginetrium me atraiu por dois fatores: como sou do ramo de fantasia voltado para um público mais juvenil, imaginei que seria uma boa leitura da minha área; além da capa chamativa, ele também é todo ilustrado — o projeto gráfico num geral é um trabalho incrível de Nair Ferraz e Rafael Pen.
Imaginetrium me atraiu por dois fatores: como sou do ramo de fantasia voltado para um público mais juvenil, imaginei que seria uma boa leitura da minha área; além da capa chamativa, ele também é todo ilustrado — o projeto gráfico num geral é um trabalho incrível de Nair Ferraz e Rafael Pen.
Capa, Design e Editoração
A capa é a porta de entrada para um leitor que, convenhamos, muitas vezes também não faz ideia do que está procurando quando vai à livraria, rs. Você precisa fisgá-lo com elementos que o atraia, ao meu ver essa é a importância de uma boa ilustração, sua história pode assumir uma identidade completamente única e diferenciada. Quando os autores optaram por um estilo cartoonizado dos personagens, eles determinaram o seu público. Em uma conversa com o Daniel Jahchan, ele me contou que a princípio a ideia era trabalhar em estilo mangá, mas ele e Andrey decidiram que usando cartoon seria menos nichado, ainda mais falando do Brasil.
A Novo Século como sempre nos entrega um material de qualidade, desde a diagramação até os detalhes nos cantos de páginas e, claro, as ilustrações.
A fonte Crimson em bom tamanho e o papel pólen tornam a leitura agradável, é possível terminar a obra em uma tarde se você se envolver com ela. Na primeira vez que abri o livro para dar uma folheada, admito que tomei um tremendo spoiler... Há quem acredite que imagens que denunciem pontos chave da trama podem desagradar leitores desatentos, mas em raros casos isso também os instiga a chegar logo àquele ponto, afinal, a parte boa de se acompanhar uma história é o desenrolar dela, ver como os personagens crescem e superam seus desafios. Eu acredito que isso também possa aumentar a vontade para chegar até o fim e entender o que estava acontecendo lá. Mas fica a dica, se não quiser tomar spoilers, não folheie!
Sobre a Obra e a Narrativa
Imaginaterium é um mundo onde sonhar não é apenas sentar e imaginar as coisas — elas realmente acontecem e tomam forma, principalmente através das crianças. Com um tecnologia mais avançada do que nosso tempo, vemos elementos futuristas misturados ao nosso cotidiano. A trama começa quando Anthony e Edgard ganham a chance de conhecerem seu ídolo, o Super Timothy, mas acabam se envolvendo em um sequestro. Ao ver seu melhor amigo em apuros, Tony sai em uma jornada que talvez seja grande demais para alguém de sua idade. Ele é só uma criança nesse mundo enorme e está suscetível ao fracasso e decepções.
Logo de cara a escrita me remeteu ao trabalho do Jahchan, que reconheci por conta de sua primeira obra publicada, "Guerra das Raças - A Caça aos Desertores", mas achei melhor mandar uma mensagem para ele só para confirmar, rs. Daniel me contou que ele e o Andrey discutiam pelo skype antes de escrever cada capítulo para que ficasse no agrado para ambos os lados. Quando se trabalha com outra pessoa em uma história, é importante certificar-se de que haverá homogeneidade na linguagem e a narrativa não ficará inconstante caso os capítulos se revezem entre os autores (porém, vale citar que há casos onde são trabalhados pontos de vista de personagens, de forma que a diferença na escrita não interfira tanto na narrativa). Eu já trabalhei em parcerias com outros autores e sei das dificuldades. Ao mesmo tempo que ambos podem unir forças para ter mais ideias e compartilhar opiniões, é preciso que os dois se dediquem na mesma intensidade. Como a internet facilita o contato, muitas vezes você nem precisa estar do lado da pessoa para escrever e criar algo. Andrey e Daniel compartilham do interesse por animes, cartoons e mangás, por isso imagino que na maioria das vezes suas ideias batessem batessem perfeitamente.
Eu imaginava que veria a imaginação rolando solta em uma história onde os sonhos são tudo, mas achei curioso como esse mundo fantástico se pareceu tão palpável e próximo de nossa realidade. Cada personagem desempenha bem seu papel e o tempo todo visitamos o ponto de vista de alguém diferente, dando mais profundidades a suas ambições e batalhas pessoais.
Eu gosto de histórias que nos deixam uma mensagem, por mais simples que seja, e os autores souberam trabalhar diversos pontos com muita precisão. O vilão por exemplo tem um caráter duvidoso, mas você percebe que ele passou por seus traumas até se tornar quem ele é atualmente. As ilustrações implicam tortura, explosões e porrada, o que é uma prova de que só por ser cartoonizado não significa que a temática precisa ser infantil.
Eu imaginava que veria a imaginação rolando solta em uma história onde os sonhos são tudo, mas achei curioso como esse mundo fantástico se pareceu tão palpável e próximo de nossa realidade. Cada personagem desempenha bem seu papel e o tempo todo visitamos o ponto de vista de alguém diferente, dando mais profundidades a suas ambições e batalhas pessoais.
Eu gosto de histórias que nos deixam uma mensagem, por mais simples que seja, e os autores souberam trabalhar diversos pontos com muita precisão. O vilão por exemplo tem um caráter duvidoso, mas você percebe que ele passou por seus traumas até se tornar quem ele é atualmente. As ilustrações implicam tortura, explosões e porrada, o que é uma prova de que só por ser cartoonizado não significa que a temática precisa ser infantil.
Sobre os Personagens
*Opa, essa parte terá alguns SPOILERS! Leia sob seu próprio risco*
Em Imaginetrium, vemos diversos pontos de vista diferentes — os mais frequentes são Anthony, Edgard e o Senhor Louco com cerca de cinco/seis capítulos cada, mas também contamos com Vivian, Super Timothy, Duds, Cristina e Fran a mãe de um dos protagonistas.
A amizade entre Anthony e Edgard é bonita e sincera, o pequeno Tony o respeita como a um irmão mais velho. A cena de bullying no início é daquelas bem manjadas, mas sempre funciona para estabelecer uma amizade forte entre personagens. Se eu tivesse que definir um protagonista para Imaginetrium eu diria que é o Anthony, a maior parte da trama gira em torno do menino, mas tudo que ele faz é por Edgard, então fica difícil dizer. Mas a forma como um trabalha pelo outro é a chave em Imaginetrium.
Eu gostei muito do fato de Anthony e Edgard serem fãs de uma celebridade teen, enxerguei muito de nossa atual sociedade onde muitos youtubers são idolatrados por crianças e jovens. O fato de um dos autores também ser youtuber é interessante, eles estão cientes disso, são formadores de opiniões para essa geração e Super Timothy reúne todo um lado ruim e negativo da mídia, mas no fundo ele ainda é humano, um rapaz jovem que tentou a redenção mas optou por um caminho pior. Como os personagens não passavam de crianças, foi muito importante eles combaterem um vilão que não fosse invencível. A ideia de que as armas utilizadas através da materialização têm efeito momentâneo foi uma de minhas partes favoritas — uma morte simbólica, aquele o momento em que a pessoa morre para você, porque já não a reconhecemos mais.
Outro personagem que merece destaque e aparece desde o comecinho é o querido Senhor L que passa a desempenhar um papel fundamental como mentor. Envolto em seus mistérios, ele é um dos que mais cresce na trama. Alguns dos capítulos são escritos no ponto de vista de personagens menos importantes como Duds, mas que servem para retratar a forma como ele enxerga, suas falas cercadas de malícia e maldade. Ah, e também destaque para a Fran, mãe de Tony (quem é da área de fantasia sabe como os pais sempre começam mortos ou nem existem nessas histórias, rs. É raro ver uma mãe que desempenha um papel importante!).
A última figura que dedico um espaço especial é Vivian (admito que foi por causa dela que quis comprar o livro, a aparência dela é muito show!) Eu fiz minha lição de casa e decidi ir atrás do canal Batima Animes — que até o presente momento consta com mais de 600 mil inscritos, um número impressionante —, mas pense em mim como um cara que não frequenta muito youtube e não entende nada disso, rs. Pelo que observei, grande parte de seus seguidores são de um público otaku e alguns dos vídeos mais recentes trazem uma temática ecchi (para quem não sabe o que significa, são animes mais sensuais). Eu pude enxergar um pouco dessa influência na Vivian, ela é o tipo de protagonista badass dos animes. Sua cena no livro inclusive carrega o símbolo do batman na calcinha, representando o canal de Andrey. Eu sempre me diverti com esse tema e adorei a personagem, apesar de eu não assistir quase nenhum anime hoje em dia, também tive minha fase de otakinho que ia pro shopping com bandana de Naruto. Quem acha que a Vivian merece algumas fanarts? ( ͡° ͜ʖ ͡°)
Considerações Finais
Reunindo as várias ideias de Daniel e Andrey, só podia ter saído uma obra divertida e que entretém, repleta de personalidade, ilustrações de qualidade e momentos de tensão. Com ótimos personagens e um enredo bem estruturado, Anthony e Edgard seguem sua jornada amadurecendo com os desafios que a vida lhes impões, mas eles nunca estão sozinhos. Imaginetrium foi feito para um público juvenil, mas sua mensagem pode ser apreciada por qualquer pessoa. Só porque o estilo de desenho é cartoonizado não significa que a história seja voltada apenas para crianças, pelo contrário. Com criatividade, eles nos entregam um trabalho que representa de forma conveniente os dias atuais e certamente deixará o leitor refletindo após a conclusão. As mensagens que carrego comigo são de que vida não é um mar de rosas, que as consequências devem ser encaradas e superadas, mas, principalmente, que a amizade e os sacríficos que fazemos pelo mundo podem durar para sempre.
0 comentários:
Postar um comentário