terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

O Passado dos Personagens - Ralph (Parte 1)


Era seu primeiro ano na escola do ensino fundamental para humanos de Helvetica. Ralph trabalhara duro durante dois meses para finalizar uma armadura de papelão a tempo de inaugurá-la. Nunca antes estivera tão longe de casa, devia muito aos seus pais que deram seu melhor para que ele entrasse em uma escola onde receberia cuidados e estudo adequado para um humano. Sentiria muita saudade do Vale do Vento. Ainda não sabia quando teria a chance de voltar, por isso Ralph fez tudo que tinha direito antes de partir: brincou, correu, sentiu o toque da grama, a brisa do final da tarde e o pôr do sol por trás das montanhas. Aquele pequeno vilarejo sempre seria o começo de seu mundo.
Seus pais não passavam de fazendeiros da região rural, mas a vida toda ouvira histórias sobre heróis que fazem parte de algo maior. Com apenas dez anos não há muito que se possa fazer sem a supervisão dos mais velhos, nunca lhe pareceu fazer sentido que outros decidissem seu futuro. A maioria das crianças temia o dia do chamado para a guerra, por isso preferiam não crescer. Viviam como se aquela fosse uma realidade muito distante, crescer era um compromisso árduo por si só, mas Ralph aprendeu a dar seu melhor desde cedo.
Sua rotina se baseava em ajudar o pai e a mãe nos afazeres da fazenda durante a manhã, dessa forma podia tirar o período da tarde para se divertir e brincar. Era a primeira vez que estaria no meio de tantos humanos sua segunda raça, era o que sua mãe dizia — apesar de sempre estranhar que sua pele era curiosamente mais macia do que a dos geckos, além de não ser nem um pouco verde; os olhos não eram tão separados e grandes, e ele também não tinha um longo rabo que o acompanhava aonde fosse. Dos humanos que conhecera até hoje, lembrava-se apenas de um viajante que lhe contava histórias quando estava de passagem pela vila, além de uma mãe muito bonita que tomava conta da padaria vendendo pães e leite. Ela tinha uma filha que era muito levada e vivia aproveitando-se de Ralph por ele ser mais baixo e mais novo.
Quando finalmente chegou o dia das aulas começarem, Ralph pegou o trem e partiu para a capital de Campos Verdes. Ele não esperava que a viagem fosse tão rápida, por ter pego no sono acabou indo parar nos limites de uma província vizinha e precisou esperar mais cinco horas até voltar à cidade.
Ele havia pedido o primeiro dia de aula e atrasou-se no segundo.
 A escola certificou-se de ceder-lhe uma cama no dormitório onde teria direito ao café da manhã, almoço e janta; além de acessos a áreas de recreação e atividades extra-classes após o término do expediente.
Ralph tinha vergonha de pedir informações para os adultos, mas seu instinto o fez seguir outras crianças uniformizadas até o prédio da escola. Ali estava a longa escadaria da Kylie Kalma, era chegada a hora de abraçar as surpresas que o destino lhe reservasse. Ralph respirou fundo e seguiu em frente.
A escola era antiga, mas contava com uma infraestrutura bem acabada. Os professores eram experientes e dispostos a passar adiante não apenas fórmulas e textos decorados, mas conhecimento e lições para a vida. Os corredores amplos de tijolos entrepostos davam num pátio amplo e aberto, onde se podia observar uma bela fonte no centro onde as crianças adoravam fazer piquenique, em outros momentos tinham aulas recreativas ao ar livre. O contato com a grama e a natureza era constate, acreditava-se ser fundamental para o desenvolvimento intelectual.
Ao chegar à sala de aula, os outros alunos não prestavam muita atenção no que acontecia ao redor. Muitos vinham de famílias vizinhas e estavam acostumados uns com os outros, mas para Ralph muito daquilo era novidade — a última vez que vira tantos humanos juntos foi na estação de trem, onde se perdeu e começou a chorar até que dois guardas o ajudassem.
Ele sentou-se meio desengonçado em uma cadeira próxima à janela, entre a terceira e a última fileira. Continuava aguardando ansiosamente alguma coisa que ainda não entendia muito bem o que era, mas estava ansioso. Foi quando ouviu alguém sussurrar na fileira de trás:
— Cadê seu material?
— Material? — Ralph perguntou, virando-se para o garoto. Estaria ele se referindo a mantimentos necessários para sobrevivência? Porque se fosse, tinha o suficiente para compartilhar com ele por um ou dois dias. Quando finalmente entendeu a pergunta, mostrou que carregava uma espada de madeira nas costas. — Eu trouxe a Lignum, minha companheira.
A outra criança fez uma careta e começou a rir.
— A professora vai te colocar de castigo — foi o alerta. — Ela é assustadora! Dizem até que é uma bruxa de verdade, mas nas horas vagas gosta de cultivar plantas carnívoras e atormentar criancinhas. Dizem até que ela cozinha alunos na casa dela!
— Deixe de ser mentiroso. A professora Clover só é severa com quem sai da linha, mas ela é atenciosa e gentil com os mais dedicados, principalmente com quem mais precisa — respondeu a garota da direita, que inclusive estava muito admirada com o trabalho manual de seu companheiro de classe. — E por sinal, adorei a sua armadura — ela cochichou baixinho e ajeitou os óculos antes de virar-se.
— Obrigado, eu quero muito me tornar um herói para proteger as pessoas! Vou entrar no exército, por isso devo estar preparado — falou Ralph.
Ele estava para explicar como havia construído os detalhes de sua armadura quando uma dúzia de outras crianças se aglomerou em volta dele ao descobrirem que ali estava o tão aguardado aluno novo. Pelo visto agora teriam o que discutir pelas próximas semanas.
— Quer dizer que você vai mesmo entrar no exército? — falou um menino magricela. — Você é louco?
— Qual é o seu nome? — indagou outro de cabeça achatada e nariz grande. — É verdade que você nunca tinha estudado em uma escola? Sorte a sua!
As perguntas vinham atropeladas umas pelas outras, foi quando um deles — aparentemente o líder da turma que não gostava que toda a atenção estivesse no aluno novo — cruzou os braços e deu um passo à frente:
— Pode ter certeza que vão te chamar para o exército, esquisitão — falou o garoto que usava uma bandana na cabeça para esconder a franja, ele estava de camisa azul com manga longa e usava luvas, mesmo estando abafado lá fora. Apesar de estarem na mesma classe, ele também parecia ser um ano mais velho que os demais.
— Mas é isso mesmo que eu quero — Ralph confirmou com a cabeça. — Entrar no exército e me tornar um guerreiro Classe S!
— Com essa espada de madeira boba? — o garoto retirou Lignum da bainha sem que Ralph percebesse e a apontou em sua direção. — Isso aqui não consegue nem fazer cócegas!
As crianças abriram um círculo ao redor dos dois, algumas riram e outras se preocuparam. Foi neste instante que uma mulher entrou na sala carregando alguns livros debaixo do braço esquerdo e um longo cajado na outra mão. Ela viu a cena nos fundos da classe e não gostou nem um pouco. Com o simples mover do indicador, a espada de madeira começou a levitar enquanto Ralph tentava desesperadamente recuperá-la. Ele ficou de pé sobre seu acento e foi saltando de mesa em mesa até arranjar impulso para pular e agarrá-la no ar, onde acabou dando de cara com a professora que devolveu-lhe um olhar severo por trás de seus óculos finos na ponta do nariz.
— Ninguém brinca com armas em nenhum lugar dentro de minha sala de aula. Nem mesmo uma representação delas.
— D-desculpa... — Ralph falou todo encolhido.
Imediatamente os outros alunos se dispersaram e voltaram para seus lugares. A professora caminhou até sua mesa e deixou os livros ali em cima, apoiando o cajado num dos cantos próximo à lousa.
Ela era bem alta e tinha um porte elegante apesar da idade. Vestia roupas formais e um chapéu pontudo verde que lhe cabia muito bem, mas tirou-o por causa do calor. Ela era ruiva, com cabelos bem longos presos em um coque que lhe davam uma impressão de seriedade e dedicação quando combinados com os óculos. Seus lábios eram bem desenhados e, pela maneira como a sala inteira aquietou-se, concluía-se que ela era respeitada — ou talvez muito brava.
Podia não parecer, mas um dos alunos espalhara que ela já tinha mais de quarenta anos. Seu nome era Clover, uma das turmas antigas a apelidaram de “Trevo da Má Sorte”, porque ela adorava usar acessórios com o formato de trevos de quatro folhas para insinuar boa sorte nas provas e depois acabava reprovando metade da sala. Quando as notas chegavam, não havia quem os salvasse. Tudo estava nas mãos de Bad Lucky Clover.
— De quem é essa espada? — A professora perguntou uma única vez, por mais que já soubesse a resposta. Ela examinava os detalhes do equipamento com cuidado quando Ralph ficou de pé em sua frente.
— É minha, professora!
Clover riu. Achou que demoraria um pouco mais.
— A direção não permite este tipo de objeto em sala de aula. Vocês estão aqui para aprender, e não para treinar.
— É que ela é especial.
Clover revelou um sorriso de canto, compadecida com a inocência da criança. Segurou a espada pelo cabo e devolveu-a para seu verdadeiro dono.
— Acredito que realmente seja.
Quem esperava uma advertência logo no primeiro dia acabou se decepcionando.
— Muito bem, turma, acredito que já tenham conhecido nosso novo aluno. Este é o Ralph, ele veio do Vale dos Ventos e recebeu uma educação diferente da de vocês. Peço que se enturmem com ele e o ajudem a se adaptar, estamos entendidos? — disse Clover de forma breve, sem dar maiores detalhes. — Agora, eu gostaria que você se sentasse próximo à lousa, para que eu fique de olho em você. A introdução foi feita ontem, então vou ter de pedir para você copiar a lição do caderno de alguém, está bem?
Ralph concordou com a cabeça. Não compreendia porque todos tinham tanto medo da Sra. Clover. Para ele, seus trevos sempre trouxeram boa sorte.
— Hoje vamos começamos a discutir as quatro grandes raças do reino. Continuaremos falando sobre os geckos.
Ralph tentou participar das chamadas e enturmar-se, mas não se saiu tão bem quanto gostaria. Ele estava obviamente mais atrasado que os demais, era como se tivesse ficado recluso durante anos.
Clover ergueu o indicador de forma que um pequeno giz levitasse até o quadro negro e começasse a escrever sozinho. Enquanto um lado da lousa fazia as anotações sobre a aula, o outro rabiscava desenhos que ilustravam perfeitamente o assunto a ser tratado. Clover não precisava tirar os olhos de seus alunos nem por um segundo, pois ficava encantada com os maravilhados das crianças diante de seus poderes mágicos.
— Gecko é nome dado à espécie de homens-lagartos que representam uma das quatro principais raças que dominam nosso reino — explicou a Sra. Clover, apontando para o quadro negro com a ponta de seu cajado. — São naturalmente hábeis guerreiros, rápidos e astutos como caçadores, mas também um pouco precipitados em suas decisões. Algum de vocês já viu ou conviveu com um gecko?
— São horríveis! — disse uma menina.
— Meu tio falou que são muito perigosos e agressivos — respondeu outro. — Sorte que eles não podem entrar na cidade e ficam presos nos subúrbios.
Ralph apontou para os desenhos na lousa e gritou:
— São os meus pais!
Toda a sala de aula riu do comentário dele, mas Ralph não entendeu o motivo. Clover piscou ligeiramente. Então era verdade. Teria mesmo de ficar de olho naquela criança.
Quando o sinal soou às dez e meia, as crianças correram para fora, aliviadas com os trinta minutos de intervalo que teriam para descansar. Clover ficou dentro da sala observando o pátio de relance quando viu Ralph subir na fonte de pedra e esticar os braços para o alto.
Alguns de seus colegas riram, pois o achavam muito estranho.
Quando ele enfim sentou-se e ficou parado, a professora apoiou-se no vão da janela e moveu seu indicador, como se insinuasse que ele se aproximasse.
— Posso ajuda-la, Profª Clover? — indagou Ralph, meio receoso de levar alguma bronca por algo que nem sabia se tinha feito.
— O que exatamente você está fazendo aí fora?
— Guardando calor, que nem os geckos fazem. Lagartos têm o sangue frio.
— Muito bem, vejo que prestou atenção na aula — Clover respondeu de forma meiga, mas sabia que não poderia simplesmente incentivá-lo a acreditar naquilo. — Mas você não é um lagarto, sabe disso, não é?
— Sei, sim. Mas é assim que fui criado, eu não tenho vergonha do que aprendi. O sol faz bem pra todo mundo, a senhora também disse que ele é cheio de vitaminas, né?
— “Uma substância essencial para o corpo humano, sua ausência pode proporcionar uma série de complicações.” — Clover revelou um sorriso gracioso, admirada com o fato de que ele realmente tinha prestado atenção nas aulas, apesar de parecer sempre aéreo e estar mais impressionado com o giz voador do que a matéria em si. Ele se esforçava do seu jeitinho, mas vinha fazendo o possível.
Ralph podia pensar ser o que quisesse enquanto isso não intervisse em seu crescimento. Já deveria estar bem acostumado a longos discursos de adultos que tentavam impor algo em sua mente.
— Ouça, querido — Clover falou de uma maneira que o lembrava de sua mãe. — Um dia você será capaz de aprender técnicas de batalha avançada e até algumas magias, caso tenha aptidão. Não importa se você é menino ou menina, um gecko ou até um monstro; o que você escolher ser, assim será. Então quero que saiba que, se precisar de algo, você sempre poderá recorrer a mim, tudo bem?
— Tudo bem! — o menino falou contente antes de ir embora. — Senhora, é verdade que você traz sorte para os seus alunos?
— Você deve se considerar afortunado todos os dias, Ralph, da Espada de Madeira. Você é bonito, saudável e tem pessoas que se preocupam com seu bem estar. Além de ter um sorriso lindo — ela falou ao dar um puxão em sua bochecha. Geralmente era vista muito concentrada em seus afazeres e raramente lembrava-se de sorrir, mas Ralph adorava conhecer aquele lado descontraído de sua professora.
— Quando eu crescer, quero que você entre no meu time.
— Como assim? — Clover pediu que ele repetisse.
— O meu time dos sonhos. Das pessoas que vão mudar o mundo comigo. Vou te esperar!
Ela concordou com um aceno gentil e Ralph virou-se para ir embora.
— Só pare de me chamar de senhora! Eu me sinto mais velha do que já sou.
— Velha? Para mim a senhora só tinha uns vinte anos!
Os dois riram e Ralph correu pelo pátio para tentar brincar com as outras crianças. Ele continuou o período do intervalo inteiro retendo calor perto da fonte porque mais ninguém teve coragem de conversar com ele naquela manhã.

i

Ralph parecia adaptar-se bem à vida em Kylie Kalma. Seu dormitório ficava perto do refeitório, o que era uma benção, seria fácil fazer um lanche rápido caso a fome batesse de madrugada.
Ele teria de compartilhar espaço com outros três garotos da sua turma com quem esperava fazer amizade, mas no instante que entrou no quarto foi pego de surpresa por um balde de água fria preso em cima da porta. Por reflexo — ou simplesmente sorte — o balde caiu bem em frente à ele e somente os respingos molharam parte de sua armadura de papelão que o salvara da água. Os outros três garotos estavam prontos para rirem até chorar, mas logo seu trote com o novo companheiro revelou-se uma decepção.
— Por que vocês tentaram me molhar? Eu estou cheirando ruim? — perguntou Ralph, cheirando sua camisa em baixo do braço. — Eita, credo, estou mesmo precisando de um banho! Obrigado por me avisarem.
Ralph carregava apenas uma mochila, era de se impressionar que todos seus pertences coubessem ali dentro. Ele colocou-a em cima da cama vazia, retirou as botas apertadas e procurou relaxar após um longo dia de estudo.
Os três garotos já eram conhecidos seus da sala de aula, ainda que não tivessem sido devidamente apresentados.
— Tá brincando que o menino lagarto vai ficar no nosso dormitório? — disse o mais gordinho. Ele vestia uma boina azul, um lenço no pescoço e suspensórios sobre a barriga. — Affe, tanto faz, a gente pode dividir nossos tesouros com você depois da caçada.
— Que tipo de tesouros?
— Doces — confirmou ele. — Prazer, eu sou o Bartolomeu, mas meus amigos me chamam de Bomba porque são meu doces preferidos.
— E também porque ele consegue derrubar qualquer um no pega-pega, ainda mais quando pega impulso e se joga em cima dos outros nas barreira — respondeu o segundo, um magricela que poderia ser levado pelo vento em caso de tempestade. — Eu sou o Timóteo.
Ele era o mais alto da turma, mas compensava por não ter músculo nenhum; o jeitão desengonçado acabava sendo cômico porque ele andava meio corcunda e com o pescoço voltado para frente, os dentes da frente eram mais protuberantes sem contar o espaço entre os incisivos frontais que deixavam uma janelinha; atendia pelo apelido de Dello, porque existia uma espécie de monstro em Sellure chamado Dellonium que eram pequenas plantas com corpo fino e cabeças de fruta enormes.
— Eu só quero saber quem é que vai limpar esse chão agora que o nosso trote não teve graça alguma — respondeu o garoto que acabara se encrencando com Ralph no primeiro instante que o viu. Seu nome era Claus e ele não tinha apelidos — talvez o respeito afastasse qualquer um de inventar um nome tosco com o intuito de ofendê-lo.
Claus acenou com a luva para Ralph, mas não se levantou para cumprimenta-lo.
— Dá pra tirar essa armadura de papelão? Ninguém vai te bater aqui, cara. Não estamos muito a fim de encarar uma advertência, perde a graça na terceira ou quarta vez.
— Vocês estudam aqui faz tempo? — Ralph perguntou.
— Meus pais estão na guerra e não têm muito tempo para cuidarem de mim, por isso fico aqui na escola para estudar, mas nos fins de semana costumo voltar para casa — respondeu Dello. — Já moro na escola faz uns três anos, até os professores me chamam pelo meu apelido Dello e concordam que eu me pareço com um.
— Tive que vir pra cá recentemente. Minha mãe sempre deu tudo que eu pedi, mas algumas tias disseram que isso me tornou mimado e que eu precisava aprender a me virar sozinho — respondeu Bomba, deitando-se em sua cama de braços esticados. — Mal posso esperar para que esse ano acabe logo... Tipo, não que eu não goste de vocês, mas é que sinto saudade da minha casa.
— Isso é muito bacana. Todos vocês têm histórias e motivos para estarem aqui! Nós somos como um time de guerreiros renegados — falou Ralph com entusiasmo, o que fez os demais rirem. — E você, Claus? Me conte sobre você.
— Não tem nada a se saber — respondeu Claus com um sorriso de canto.
— Ah, ele está tentando pagar de anti-herói! — Bomba o entregou, o que fez o garoto ruborizar de vergonha. — Apesar dessa cara de malvado, o Claus é super gente boa. Está sempre cuidando da irmãzinha e gosta de música.
Claus o fuzilava tão intensamente com o olhar que fez Bomba esconder-se por baixo de seus cobertores. Vendo que não teria outra alternativa, decidiu enturmar-se.
— Na real, não tenho muita coisa para contar sobre minha vida, só que minha mãe é uma chata e me mandou estudar aqui com minha irmã para ter uns tempos de tranquilidade. Eu gosto sim de música e tento tocar violão. Também gosto de educação física e sou terrível em matemática. É isso... Acho que sou só um garoto normal sem grandes expectativas.
— Ah, qual é, todo mundo é único! — respondeu Ralph. — Ainda não o conheço muito bem, mas vou descobrir algo que o torne especial.
Era possível ouvir o som dos grilos lá fora. Por mais que a paisagem da janela não fosse tão bonita quanto no Vale dos Ventos, Ralph estava feliz por morar em um lugar agradável como Kylie Kalma. Podia dizer que sentia-se em casa.
— Ei, não me leve a mal pela pergunta, mas... é verdade que seus pais são geckos? — perguntou Claus.
— Ouvi dizer que eles comem gente quando passam fome — afirmou Bomba.
— Às vezes eles comem insetos e outros animais menores, mas nunca vi nenhum gecko atacar humanos. Pelo menos eu estou inteiro — respondeu Ralph com uma risada. — Bem, meus pais são geckos, sim, mas quem contou para vocês?
— Fomos informados ontem. Disseram para nos enturmarmos com o colega novo, como se você precisasse de cuidados — disse Claus, meio constrangido. — Foi mal por pegar sua espada. Acho que eu só estava tentando chamar atenção, e... achei bizarro seus pais serem geckos. É, tipo, muito bizarro.
— Vocês moravam em uma caverna ou no topo de uma árvore? — perguntou Dello.
— Nada disso, moramos em cabanas feitas de madeira, palha e argila. Tudo bem que as nossas são um pouco mais simples, precisamos reforçar as paredes com pedras e barro para que resistam aos ventos fortes no período de chuva. Alguns gostam de usar fogo e lampiões depois que anoitece, mas em alguns lugares da vila já chegou magia elétrica, pode acreditar!
Bomba e Dello viam em Ralph uma figura extremamente inusitada. Estavam felizes por estarem no mesmo dormitório com alguém tão diferente, poderiam passar a noite inteira conversando e compartilhando histórias, mas Claus ainda parecia receoso com a companhia.
— Geckos são detestáveis — ele respondeu de braços cruzados. — Como você pôde conviver com eles? Eles agem feito animais que não se importam com os outros.
— Não os meus pais. Sempre recebi muito carinho e afeto, sem contar que minha mãe faz um pão com mortadela delicioso!
         Claus negou várias vezes com a cabeça antes de se levantar e sair. No caminho ele escorregou no chão ainda molhado pelo balde de água e quase levou um tremendo tombo, mas conseguiu apoiar-se no encosto da porta. Ele ergueu o queixo e marchou sem olhar para trás, tentando manter o resto de dignidade que lhe sobrara.
Ralph não compreendia aquela rixa antiga entre humanos e geckos, mas compreendia que Claus deveria ter um bom motivo para odiá-los. Se conhecesse algum gecko que realmente valesse a pena, como seus pais, o carteiro ou o ancião da vila talvez fosse convencido do contrário.
— Vamos atrás dele, está quase na hora do jantar — falou Bomba.
— Você só pensa em comida, cara... — respondeu Dello.
— Tem razão. Primeiro jantamos, depois vamos atrás dele.

Às oito horas o jantar era servido. Havia frutas, pães, queijo e leite que era servido em uma mesa à disposição dos alunos e professores que passavam a noite na escola. Ralph reconheceu muitos daqueles alimentos das fazendas de seus pais, não duvidava que a comida servida na cidade fosse fruto de seu esforço, aquilo só fez com que a refeição ficasse ainda melhor.
Adorava a comida de sua mãe, mas também não escondia a felicidade em provar de algo diferente. A escola tinha requeijão e cereais que não se encontrava com tanta facilidade na vila, além de serem mais caros. Após preparar sua bandeja com tudo que tinha direito, ele estava para ir sentar-se com seus colegas Bomba e Dello quando ouviu alguém chama-lo.
— Não acredito que você está aqui! — era a voz de uma garota. — Ei, Ralph! Olhe para trás, seu cabeção!
Ele apressou seu passo, mas sentiu alguém puxá-lo pela gola da camisa. Era a filha do padeiro, uma garota que adorava importuná-lo pela manhã. Seu nome era Nefele, tinha quatorze anos, o cabelo castanho repicado e vivia agitada, quase não conseguia parar num mesmo lugar.
— O-oi, Neffie...
— Eu não sabia que você também seria transferido aqui para a Kalma! Está com quantos anos, dez? Isso é ótimo, agora posso encher seu saco aqui também. Tem passado na padaria para visitar a meu pai? Ele fica tempo demais sozinho, espero que esteja bem.
Os ouvidos de Ralph já se cansavam, poderiam colocar um espantalho em seu lugar que Nefele falaria sozinha. Sua mãe o ensinara a ser educado em todas as circunstâncias, mas algo simplesmente o afastava daquela garota.
— Estou sentado ali com meus amigos, se me der licença...
— Ah, não, você vai ficar com a gente! — respondeu Nefele, puxando Ralph para a mesa das veteranas. Todas elas eram mais velhas do que ele, dentro de alguns meses seu tempo na escola acabaria e elas seriam enviadas para as academias de treinamento espalhadas pelo reino, logo, esperavam aproveitar ao máximo.
Ralph precisou espremer-se entre Nefele e outra garota com coxas largas. Elas eram todas muito bonitas; loiras, morenas, altas e cheias de maquiagem, mas seguiam um padrão de beleza parecido. Elas mandavam naquela escola como se fossem donas dela, falavam alto e ninguém se importava.
— Olhem só o que eu achei — Nefele acariciou o cabelo de Ralph e suas amigas se encheram de interesse.
— Ohhhhh! — As garotas emitiram o mesmo som de fascínio juntas. Ainda nem o conheciam, mas já enchiam o garoto de carinho e interesse. — Ele é o seu irmãozinho?
— Que nada, é só um dos garotos do vale. E um dos poucos humanos de lá, a maioria são geckos, mas é sempre bom ver um rostinho bonito — respondeu Nefele. — Estou pensando em adotar ele como meu capacho.
— Essa é uma ótima ideia, Neffie. Ele poderia ser o capacho do nosso time — respondeu outra loira.
— O que exatamente é um capacho? — perguntou Ralph.
— É bem simples, vou tentar te explicar da maneira mais óbvia para você entender, já que você é meio lerdinho.
 Nefele pegou o copo de suco da bandeja de Ralph e jogou-o no chão propositalmente.
As conversas paralelas e burburinhos no refeitório cessaram. Alguns viraram o rosto e outros tentaram dar uma espiada. Ralph olhou para sua bebida desperdiçada enquanto Nefele continuava com as mãos na cintura, sem mover um músculo para ajuda-lo.
— Agora você pega e limpa.
Ralph deixou sua bandeja sobre o balcão e agachou para limpar o que havia sobrado de seu suco de laranja. Quando terminou sua tarefa, ainda não havia entendido o que era um capacho.
— Você faz o que os outros mandam, ainda não entendeu? — Nefele argumentou com a voz autoritária. — Simples, não é?
— Mas eu limpei o chão porque estava sujo e precisava ser limpo. Não tem nada a ver com mandar, tem a ver com... bom senso e humildade, eu acho.
As outras garotas riram da inocência do garoto.
Dessa vez Ralph sentiu alguém puxá-lo pela mão, tanto que nem teve tempo de pegar sua bandeja de volta. Claus surgira de algum lugar e fizera questão de tirá-lo dali, só queria vê-lo longe das veteranas que adoravam aproveitar-se dos novatos na escola para satisfazerem suas vontades. Dava para sentir a textura da luva Claus apertando-o tanto que chegava a machucar.
— Onde estamos indo? — perguntou Ralph com inocência.
— Você tem muito a aprender — respondeu o garoto.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Raito


"Encontramos os heróis onde menos se espera." — Raito, Capítulo 4.

Raito é um dos mais famosos oficiais da Fortaleza da Pedra Azul. Celebrado por seus feitos no passado, ganhou fama por liderar grandes investidas contra o inimigo, tornando-se assim um Classe A mesmo antes da maioridade. Sua mais famosa façanha foi ao lado de Canas, o Descobridor do Mundo, e outros grandes líderes que enfrentaram e repeliram o exército de Rudsi, da Coroa de Ferro, no ano 108. Raito não tinha sequer completado dezoito anos quando foi consagrado Herói dos Humanos

Raito é quieto e reservado, além de extremamente pretensioso e manipulador. Sua característica mais marcante é o olho direito branco, um verdadeiro mistério, pois muitos afirmam que ele não é cego. Raito prefere encarar os fatos de frente e não deixar suas tarefas para depois, é realista, idealizador e não perdoa deslizes. Ele é a mente comunicativa por trás de grandes planos, onde representa a parte política e diplomática do reino. Sua maior qualidade é ser leal aos seus superiores, tornando-o uma das peças mais importantes e influentes entre os Humanos. Desde então, membros influentes do Conselho passaram a ficar de olho nele.

Seu único e melhor amigo é Lloyd King, com quem compartilha sua jornada de trabalho pelo reino atrás de revelações para o exército. Porta duas espadas sagradas, sendo elas a Dama da Noite e a Senhora da Manhã.

Raito e Lloyd aparecem pela vez primeira visitando a Vila das Pérolas em busca de novos soldados para seu batalhão. Eles trabalham para o Rei na Fortaleza da Pedra Azul e estão entre seus heróis mais poderosos e respeitados.


  • Lâmina Encantada [Support] – O usuário é capaz de usar magia através de suas armas, mesmo não pertencendo à raça dos tótines ou possuindo selos; 
  • Aura de Luz [Ofensivo] – Golpe poderoso, extremamente eficaz contra criaturas das trevas; 
  • Limite da Morte [Ofensivo] – Esta habilidade garante a morte imediata da vítima (não pode ser usado em oponentes de nível superior ou igual);
  • Santuário Áureo [Defensivo] – Cria um escudo circular intransponível, protegendo-o de qualquer tipo de ataque físico ou mágico. Afugenta criaturas das trevas 
  • Carga Gloriosa [Defensivo] – O usuário incentiva seus companheiros e os torna completamente invulneráveis por um curto espaço de tempo; 
  • Mestre de Duas-Espadas [Habilidade Passiva] – O guerreiro é capaz de manusear duas espadas com maestria, sem que isso afete sua capacidade em combate; 
  • Monsters Bane [Habilidade Passiva] – Garante um bônus em ataque contra a raça dos Monstros; 
  • Proteção Divina [Habilidade Passiva] – O guerreiro é envolto por uma aura misteriosa que o protege contra ataques surpresas, flechas e golpes fatais; 
  • Liderança Plena [Habilidade Passiva] – Garante um bônus em todos os status para seus companheiros durante a batalha.
"[...] Recomendo que parem de tentar copiar seus ídolos e heróis, parem de tentar repetir as mesmas histórias das lendas que marcaram época; vocês não são eles. Tornem-se únicos naquilo que fazem de melhor.
 Raito, Capítulo 4.

  • Raito seria originalmente chamado Light, de forma que "raito" seja o mais próximo de sua pronúncia japonesa. Inclusive é uma brincadeira com a época em que o anime Death Note estourou de sucesso no Brasil e os otakus chamavam o protagonista de Raito;
  • A cor de seu cabelo era loiro antes de mudar para o perolado;
  • Quando foi criado para a história, Raito seria conhecido como "O Homem Mais Poderoso do Reino". Apesar de não ter mantido seu título, ele continua sendo um guerreiro formidável.
The Omascar é a famosa cerimônia realizada no Mundo Pokémon Reino de Sellure onde os leitores podem votar no seu personagem favorito durante um determinado período de tempo após o lançamento de cada livro da saga! A primeira edição contou com dez categorias e diversas indicações pelo desempenho particular de cada personagem na história. Segue abaixo a lista de nomeações e vitórias:

  • 2º lugar na Primeiríssima Votação do Universo Matéria em 2007;
  • Melhor Capítulo - Cap. 4 - O Teste Definitivo (com Auria e Lloyd King) [Nomeado];
  • Personagem Mais Poderoso [Nomeado].


Lloyd King


"Lloyd King era o responsável pela súbita mudança no tempo, um homem capaz de controlar elementos ligados ao gelo e os usar para submeter seus batalhões a condições extremas. Um King já era forte e influente por si só. Ali estavam dois dos melhores." — Capítulo 4.

Lloyd King é um dos mais altos e respeitados oficiais dos humanos na Fortaleza da Pedra Azul. Descendente de uma linhagem pura de tótines, sua família é conhecida por ser capaz de manipular elementos com perfeição, mantendo traços e habilidades raras para humanos normais.

Apesar de ser considerado um homem muito influente, Lloyd prefere manter-se longe da parte diplomática do reino, pois sua reputação se deve à sua habilidade como guerreiro. Ele tende a ser muito generoso quando lhe convém, mas a família dos King é conhecida pelo sangue quente  uma tremenda ironia. Debochado e ambicioso, adora vinho e principalmente mulheres.

Seu companheiro e melhor amigo é Raito, um dos oficiais mais próximos do rei. Os dois assumiram o posto de generais Classe A e viajam em missões diplomáticas pelo reino, atuando em reuniões de negócios e seleções de novos guerreiros valorosos para o exército. Lloyd tem um irmão mais novo chamado Volker, um capitão do exército que domina poderes elétricos. Por algum motivo, tanto Lloyd quanto seu irmão mais novo não se dão muito bem com sua família que vive em Perpetua.

Raito e Lloyd aparecem pela vez primeira visitando a Vila das Pérolas em busca de novos soldados para seu batalhão. Eles trabalham para o Rei na Fortaleza da Pedra Azul e estão entre seus heróis mais poderosos e respeitados.

  • Raio de Gelo [Ofensivo] – Dispara um raio congelante. O ataque mais comum entre magos elementais;
  • Avalanche [Ofensivo] – uma magia poderosa que soterra seus adversários com neve. Aumenta o poder de dano em quantidades maiores de inimigo;
  • Tempestade de Cristais [Ofensivo] – Um dos ataques mais poderosos do elemento gelo, o mago cria uma tempestade de cristais afiados que inflige dano massivo;
  • Película de Vidro [Defensivo] – O usuário é protegido contra ataques mágicos por um curto período de tempo;
  • Parede Congelada [Defensivo] – Cria uma parede resistente para impedir o avanço de seus inimigos;
  • Mudança Climática [Habilidade Passiva] – A temperatura e o clima local podem ser alterados ao custo de uma quantidade enorme de mana;
  • Domínio Sobre Elemento [Tríade Mágica dos Tótines] – Um dos três poderes primários dos Tótines. Seu elemento é o gelo;
  • Manipulação [Tríade Mágica dos Tótines] – O usuário se torna capaz de congelar grandes objetos e resistir a temperaturas baixíssimas, transformando seu próprio corpo em uma armadura de cristal;
  • Transformação [Tríade Mágica dos Tótines] – A forma mágica de Lloyd é um pinguim imperador (apesar dele não se orgulhar muito dela).
"O sobrenome King tinha impacto em qualquer região que se pronunciasse. Descendente de uma linhagem de humanos e uma raça mágica conhecida como tótines, eles aperfeiçoaram a magia a ponto de domina-la sem precisar da influência de nenhuma feitiçaria ou mecanismo externo." 
Capítulo 4.

"Boa sorte em sua jornada, seja ela qual decida seguir. Estaremos esperando.
 Lloyd King, O Passado dos Personagens: Boneca Artificial.

  • O nome Lloyd significa cinza, em galês;
  • Seu nome foi escolhido a partir de duas referências: a primeira sendo o protagonista do jogo Tales of Symphonia, e a segunda de um swordmaster antagonista em Fire Emblem: The Blazing Blade. Curiosamente, apesar dos de ambas referências serem exímios espadachins, Lloyd não usa espadas para combate;
  • Originalmente o nome do personagem seria Storm King, que por sinal foi mantido como seu título, o Senhor das Tempestades;
  • Seu cabelo foi loiro por um tempo, mas logo voltou a ser azul para diferenciá-lo de seu irmão, Volker. A a maior característica de sua aparência era uma longa franja no olho esquerdo;
  • Desde que foi criado, Lloyd seria um dos poucos amigos verdadeiros de Raito, embora ele não atuasse no exército;
  • Lloyd mede cerca de 1,93cm, o que o torna um dos humanos mais altos da série, dois centímetros maior do que Peter Lee (1,91cm). Gigantes, Monstros e afins não inclusos;

Um dos desenhos originais de Lloyd, do ano de 2008, quando ele ainda se chamava Storm King.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Hugh Burnout


"Alguma vez deixei de cuidar do meu garoto?"
  Hugh Burnout, O Passado dos Personagens: Duas Maldições.

Hugh Burnout era um tótines poderoso e antigo membro da Ordem do Selamento. Foi obrigado a viver afastado de sua família na Ilha-S, em Century, uma vez que os integrantes da Ordem passaram a ser caçados no ano 115. Hugh era detentor de uma das cinco Pérolas Sagradas e tinha dois filhos, mas apesar dos planos de retornar a vê-los, nunca mais foi capaz de voltar.

Além de um homem calmo e observador, gostava de revelar seu lado mais travesso e debochado com os mais novos. Tentou ser um pai justo e atencioso, mas sua ausência acarretou em rebeldia por parte de seu filho mais velho, Aedan. Após sua fuga, Hugh viveu o resto de seus dias em uma casinha de campo entre as montanhas gélidas do norte. Em suas horas vagas, trabalhava em anotações contendo detalhes sobre os guardiões da Ordem e os artefatos que protegiam. Após sua casa ter sido incendiada, os arquivos só foram salvos por estarem mantidos na biblioteca de Bodoni, uma das maiores do reino. Sua obra foi mais tarde compilada e publicada postumamente pela editora Clube Party.

O Treinamento de Peter Lee e o Encontro com Lobo

Em uma de suas viagens para a Cidadela Púrpura, Hugh adotou um jovem chamado Peter Lee e passou a treiná-lo para que participasse do Sellureville. Após um terrível incidente envolvendo uma luta, Lee desenvolveu os Olhos Vermelhos o que desencadeou uma série de infortúnios em sua vida. O ex-guardião aventurou-se pelas terras do norte em buscas de respostas para a cura de seu discípulo, mas não fez muito avanço. Sua esposa Isadora era uma feiticeira especializada em maldições, levando-os a crer que poderia ser a única alternativa para a cura.

Durante os anos que se passaram, Hugh recebeu Lee e Hayley como se fossem seus filhos, mas certo dia sua casa foi atacada por um Espírito De Baixo conhecido como Lobo. Após um combate fervoroso, Hugh acabou por falecer devido às feridas, ainda que o monstro tenha sido repelido. Em seu óbito, Hugh entregou à Hayley uma pequena caixa com todas as cartas que ele desejou entregar para seus filhos e esposa, mas não o fez por medo de que os encontrassem. Nunca teve a chance de despedir-se, mas prometeu rever sua família em uma outra vida.

Hugh Burnout teve uma importante participação no desenvolvimento de Peter Lee, mas em momento algum ele é visto no primeiro livro, seu nome é apenas citado brevemente. No especial "As Histórias Perdidas" há três capítulos exclusivos que contam parte do treinamento de Lee e seu mestre.

Hugh também volta a dar as caras no especial na Parte 5 e 6 do especial "O Passado da Ordem" , mostrando sua influência como antigo líder e pai de família.

  • Explosão de Chamas [Ofensivo] – Um poder de altíssimo nível, usado somente por mestres do elemento; 
  • Parede Incandescente [Defensivo] – É capaz de criar uma parede de fogo para bloquear a passagem de inimigos;
  • Domínio Sobre Elemento [Tríade Mágica dos Tótines] – Um dos três poderes primários dos Tótines. Seu elemento é o fogo;
  • Manipulação [Tríade Mágica dos Tótines] – O usuário é capaz de criar, controlar e tornar-se fogo. Se absorvê-lo em grande quantidade, pode aumentar a própria mana;
  • Transformação [Tríade Mágica dos Tótines] – A forma mágica de Hugh nunca foi revelada, mas acredita-se seja uma salamandra.
"Cinco são as Pérolas Sagradas que deram origem ao antigo povo dos Tótines. Reunidas, representam a magia e a essência da vida.”
  Facade, citação do livro de Hugh Burnout, Capítulo 15.

"Enquanto estivermos vivos, temos tempo para conseguirmos o que eu quisermos
  Hugh Burnout, O Passado dos Personages: Duas Maldições.

"É melhor ficar sozinho com seus pensamentos do que com outras pessoas que o façam sentir-se vazio 

  Hugh Burnout, O Passado dos Personages: Pesadelo.

"Viver com humanos é estranho [...] e cada dia que passa eu os acho mais e mais estranhos; cheios de suas incertezas e dúvidas, mas com uma força de vontade imensa para alcançar seus sonhos mais impossíveis"
  Hugh Burnout, O Passado dos Personages: Pesadelo.

"Hugh Burnout é um idiota por desejar que eu continue batalhando para entrar no Sellureville e ser o maior lutador do mundo, agora faço jus ao título que me deram nos tempos de iniciante: Canhão de Vidro. Bato como ninguém, mas quebro em mil pedaços quando levo uma surra. Esse corpo humano... é uma merda."
 Peter Lee, O Passado dos Personages: Pesadelo.


"Vocês dois são mais parecidos do que imagina [...] Tentam passar a impressão de que são homens experientes e dedicados, mas por dentro são apenas garotinhos inseguros. Seu pai tem trinta e sete anos, mas ainda não parou de crescer. Ele está apenas seguindo o coração e fazendo o que julga ser certo."
— Isadora, O Passado da Ordem: Promessas.


  • Hugh Burnout foi o primeiro personagem secundário apresentado no blog, criado especialmente para participar do passado de Peter Lee. Seu nome é mencionado uma única vez no primeiro livro, ainda que seu envolvimento na história se dê através de seus filhos;
  • Seu cachecol possui as cores da Grifinória;
  • A Editora Clube, que na história publicou o livro de Hugh Burnout, era também a editora imaginária que o autor inventou quando criança e ainda desenhava seus quadrinhos. É uma homenagem ao Clube Party, um de seus projetos mais antigos.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Espíritos De Baixo [Monstros e Criaturas]


"Sobre seu corpo reinavam três fantasmas que prevaleciam sobre todos os demais. Eram deformados e de aparência sinistra, com sorrisos caóticos e olhos sem pálpebras. Pareciam sair de dentro da serpente que ria e gritava alto com a aparente falha miserável de sua experiência. Um dos fantasmas virou-se [...] Era horrendo, como uma aberração expulsa do próprio inferno diante de sua maldade extrema, uma besta temida pelos próprios monstros que a criaram.— Capítulo 34.

Sobre a Criatura
Os Espíritos De Baixo (também conhecidos como sombras, poltergueist ou apenas espíritos malignos) são criaturas vindas do Unferis, o mundo inferior. Eles são os responsáveis por todas energias e sentimentos ruins das pessoas, como a raiva, inveja, insegurança, arrogância e medo.

Apesar de existirem espíritos extremamente violentos e poderosos, a maioria deles não passa de sombras perdidas no mundo, por isso são classificados em uma escala de um a dez.
Aparência e Características
A aparência dos Espíritos de Baixo é amedrontante e cruel. Nenhum deles é igual, sendo originados  de pensamentos e emoções ruins.

Eles se manifestam sem forma, completamente invisíveis aos olhos de qualquer raça. As pessoas tendem a apenas sentir sua presença com súbitas mudanças de comportamento, como tristeza, raiva incontida ou desespero. Alguns são pequenos e causam distúrbios corriqueiros no dia a dia, outros são maiores e mais ameaçadores; dentre suas características mais comuns está a ausência de olhos, garras alongadas e a capacidade de flutuar.

Os espíritos mais poderosos são também os mais antigos, podendo alcançar até o nível 10. Eles podem passar de um hospedeiro para outro, alimentando-se de sua energia e levando-o à exaustão; até o nível 5 eles não apresentam nenhum perigo real que leve o atormentado à morte; quanto mais próximo do nível 1, mais fácil será repeli-los.

Alimentação
Espíritos se manifestam a todos os momentos, mas durante a noite seus poderes se elevam, a madrugada em especial é o auge de sua força. Alguns se alimentam de sonhos; outros, do medo e desespero das pessoas, causando pesadelos e distúrbios.

Origem e História
O Unferis é fruto de muitas lendas no Reino de Sellure, dizem que as terras de baixo são governadas por uma das três entidades supremas do mundo, Yllata, a Rainha do Submundo. O Unferis é conhecido como uma espécie de segundo plano. Após a morte no mundo real, a alma de todo ser passa a habitar em uma nova realidade onde terá a chance de redenção, pagando por seus erros. Após quitada a sua sentença, as almas podem reencarnar ou aguardar os entes queridos no próprio mundo inferior.

Existem inúmeras fendas no Reino de Sellure que levam ao Unferis, essas passagens permitem que criaturas sem forma transitem livremente entre os dois mundos. Alguns dizem que Yllata não pode fechá-las, outros acreditam que ela mesma foi a responsável por criá-las para que o caos nascesse.

Curiosidade: O primeiro Espírito De Baixo apresentado é Lobo, uma criatura que assume a aparência de um animal e persegue pessoas por simples prazer e diversão.
Onde podem ser encontrados?
Espíritos estão por toda parte, em qualquer lugar do mundo. Como ninguém pode vê-los é difícil dizer um local exato, mas eles são atraídos por pessoas que estejam passando por momentos difíceis em sua vida.

Alguns espíritos habitam Sellure há tanto tempo que sua forma foi aos poucos tornando-se física. Eles tornaram-se parte de nosso mundo, tanto que não conseguem mais voltar ao Unferis. Dizem que quando alguém é derrotado em batalha por um espírito sua memória é apagada, tendo seu corpo transformado em hospedeiro.


Estratégias e Dicas em Combate
Não se pode batalhar diretamente contra um espírito, deve-se evitá-los a qualquer custo. Por não ter uma forma física visível, eles tendem a atingir primeiramente a mente e o coração das pessoas, corrompendo suas emoções.

Há duas formas de se enxergar um espírito: a primeira delas é tendo os Olhos Vermelhos, que se servem como um imã para essas criaturas serem atraídas. A segunda é através de selos e magias conjuradas por feiticeiros ou usuários de mana.

Curiosidade: O espírito que Peter Lee enfrenta no capítulo especial "Pesadelo" foi baseado em um sonho do próprio autor. Cerca de três anos antes o autor sonhou com uma criatura de aparência canina e garras longas que ficou observando-o enquanto dormia. Quando criou o personagem Lobo, o autor não sabia que existia uma lenda urbana na internet conhecida como The Rake que, coincidentemente possuía as mesmas características.

Status & Skills
  • Maldade [Habilidade Passiva] - Mesmo contra sua vontade, o espírito tende a agir de maneira maligna e atacar qualquer um ao seu redor. É necessário ser de um nível superior para controlá-lo;
  • Devorador de Sonhos [Ofensivo] - O espírito se alimenta do sonho de seus inimigos. Caso o usuário seja colocado sob o status Sleep, sua energia é drenada;
  • Invisibilidade [Defensivo] - Torna-se completamente invisível aos olhos dos mortais, exceto por aqueles que possuem Olhos Vermelhos;
  • Passagem do Mundo Inferior [Defensivo] - É capaz de locomover-se entre dimensões e viver em mundos diferentes, porém, não simultaneamente;
  • Comedor de Pesadelos [Support] - Alguns espíritos se alimentam de pesadelos para aumentar a própria energia, por isso acabam se tornando uma boa companhia para aventureiros que sofrem da maldição do "Olho Vermelho".

Aparições Marcantes
Os Espíritos De Baixo tiveram diversas pequenas aparições no primeiro livro:

  • Ralph enfrenta um espírito que assume a forma de seus amigos no Capítulo 23. Uma horda de espíritos assombrava o Capitão Bernard em seu navio;
  • Raegar é um personagem que também está constantemente acompanhado de espíritos. Ele manipula alguns no Capítulo 32 para atacar um grupo de bandidos;
  • O Doutor Erlnemeyer possui três grandes espíritos que o acompanham. Seus nomes são Lobo, Sussurro e Dark, e eles são citados pela primeira vez no Capítulo 34;
  • No capítulo especial "Pesadelo", Lee e Hugh Burnout enfrentam Lobo pela primeira vez quando este perseguia Hayley. Não se sabe se naquela época ele já estava a serviço de Erlenmeyer;
  • O monstro que consta na ilustração desta página é Darking, um espírito de aparência animalesca que se alimenta de sonhos ruins. Ele vive nos arredores da casa da Pequena Colina.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

3º Revisão Concluída

Primeira postagem de 2017, galera! Vamos às novidades do Reino de Sellure: O que esperar desse ano? Será que o livro sai mesmo? Vai ter mais alguma história ou especial? Fanfics e fanarts? 

Enquanto o livro não sai, só tenho pensado em uma coisa: REVISAR, REVISAR e REVISAR! Não cheguei a ler o livro completo (acho que só farei isso quando tiver uma cópia física em mãos), mas praticamente todos os dias estou abrindo meus documentos e fazendo pequenos ajustes na história, excluindo parágrafos desnecessários, sumindo com conversas que me faziam sentir vergonha de tê-la escrito (sério, eu mesmo sentia vergonha alheia de algumas coisas, haha).

Dia 8 de Janeiro de 2017 deixo registrado que concluí a terceira revisão do livro. Cada vez que encontro um erro amador eu fico mais feliz por ainda não o ter publicado. Essa revisão se deve ao fato de que a Litos  minha irmã mais velha, quem é dos tempos de Sinnoh deve lembrar  concluiu sua leitura e deixou um monte de anotações para eu consertar (ela até pediu para que eu imprimisse o manuscrito inteiro, ficou parecendo uma daquelas enciclopédias barsa!). Eu costumo brincar com as pessoas que não a conhecem dizendo que a Litos é cruel, sim, muito cruel mesmo, ela tem um metro e cinquenta de pura maldade com estilo de personagem tsundere fofa de anime. Mas a questão é que, em meio a essa revisão, a Litos me informou que eu vinha cometendo um erro bobo e colocando vírgula antes de "e". Eu estranhei a princípio porque ninguém nunca me falou que isso estava errado, mas depois de me aprofundar no assunto descobri a verdade.

Segundo o site Dicas Diárias de Português EXAME:

"Há um mito que persegue qualquer leitor mais atento: vírgula e “e” não se combinam. Combinam sim! Existem vários casos de ocorrência da vírgula antes de “e”. [...] Um dos mais comuns é a relação adversativa, contrária, ou então no caso de orações coordenadas formadas por sujeitos distintos."
O problema é que em 90% das vezes eu escrevi errado, foram mais de 300 vezes que repeti esse erro no livro e apenas algumas estavam corretas. São quase 6 anos escrevendo e só tomei conhecimento disso agora, ninguém nunca havia me alertado e eu também não fui capaz de perceber como a história fluiria melhor sem eles. A partir de hoje tomarei muito mais cuidado com essas vírgulas!

Eis aqui algumas das correções mais importantes que foram feitas nessa revisão:

  • Excluídos erros que envolvem vírgula antes de "e";
  • Excluídos o arco que envolvia os Capítulos 24 e 25: Proteja-me e Meus Amigos
  • Excluído o Capítulo 16: Bill e Tootie, que trabalhava melhor a relação dos personagens;
  • Excluídas algumas cenas irrelevantes que envolviam Lee, Hayley e Johnny Goldo, o Contador;
  • O Epílogo foi reescrito por completo;
  • Acrescentado um foco mais concreto para Ralph: Encontrar-se com o Misterioso Viajante;
  • Excluído o Matéria do Matéria [?]. Um livro com o poder de saber tudo não existe mais neste universo.
Lembram que há algum tempo eu também falei que havia escrito dois capítulos inéditos para melhorar um pouco o entrosamento de alguns personagens secundários? Então, acabei de retirá-los, haha. A Litos não perdoou nada, disse que eram completamente irrelevantes e mais se pareciam com fillers (também conhecido como encheção de linguiça). É isso que dá escrever fanfics por tanto tempo, estou tendo uma dificuldade tremenda em ir direto ao ponto, são tantas coisas que quero falar sobre este universo que acabo enrolando até demais da conta.

Três capítulos foram excluídos, totalizando algo em torno de 32 páginas. Se contarmos todos os capítulos que já tirei do livro até agora são mais de 20.000 palavras, algo em torno de 50 ou 60 páginas que constarão no "Cenas Deletadas" aqui do blog, então no futuro vocês ainda poderão ler essas pérolas! Em sua maioria eu excluí os capítulos que dava atenção aos antagonistas da Ordem do Selamento. Ao invés de tentar mostrar mais deles no livro, deixarei que esses personagens e suas devidas histórias e passados fiquem como parte exclusiva do blog. Para vocês terem ideia, acho que eu poderia escrever outro livro inteiro para falar desses caras!

A boa notícia é que pretendo também começar a revelar os desenhos em que estive trabalhando! Isso mesmo, quero mostrar alguns novos personagens para movimentar o reino em 2017. Se vocês acessarem a página perceberão que a área de Personagens Recorrentes foi adicionada com mais sombras. Em breve vocês terão a chance de conhecê-los, espero que gostem!


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