sábado, 10 de setembro de 2016

Extraordinário [Resenha]

"August Pullman, o Auggie, nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso, ele nunca havia frequentado uma escola de verdade... até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros.

R. J. Palacio criou uma história edificante, repleta de amor e esperança, em que um grupo de pessoas luta para espalhar compaixão, aceitação e gentileza. Narrado da perspectiva de Auggie e também de seus familiares e amigos, com momentos comoventes e outros descontraídos, Extraordinário consegue captar o impacto que um menino pode causar na vida e no comportamento de todos, família, amigos e comunidade. Um impacto forte, comovente e, sem dúvida nenhuma, extraordinariamente positivo, que vai tocar todo o tipo de leitor."

Autor(a): R.J. Palácio
Lançamento: 2013
Altura e largura: 22,7 x 15,7 cm
Número de páginas: 320
Editora Intrínseca

Por que escolhi essa obra?

Eu havia prometido a mim mesmo que não compraria nenhum livro esse mês, mas para quem mora no interior de São Paulo, acabar no meio da Livraria Cultura e sair de lá sem nada não é uma tarefa fácil...

Foi em uma dessas passagens pela ala de literatura juvenil (minha favorita), que acabei me deparando com Extraordinário. Uma semana antes vi o mesmo livro na casa da minha prima, e ela me recomendou com todas suas energias. Eu ainda relutava em comprá-lo, talvez pelo fato de que eu não estava muito disposto a conhecer mais um desses best-sellers internacionais. Mas, de alguma forma, Extraordinário continuava aparecendo em meu caminho todas as vezes, até que decidi parar e dar-lhe uma chance. Era uma segunda feira bem fria e gelada, daquelas que você não quer nem sair da cama, a moça da recepção  olhou para mim e sorriu, dizendo: Eu adoro esse livro.
Conversamos por algum tempo, o suficiente para ela me contar sua experiência com Extraordinário e quanto o recomendava também. Gostei da maneira como ela foi gentil comigo, gostei de compartilhar alguns poucos minutos com alguém que fez meu dia ficar mais agradável com um gesto tão simples.

Pois então, vamos dar uma pequena introdução a quem não conhece o contexto de Extraordinário.

Algumas coisas que aprendi...

August Pullman é um garoto com o rosto deformado. Tento não imaginá-lo. Acho que não consigo.

"[...] Não vou descrever a minha aparência. Não importa o que você esteja pensando, porque provavelmente é pior." August Pullman.

A história de Extraordinário nasceu para ser escrita no formato de um livro, e a autora reuniu cada um dos melhores pontos da escrita para falar de seu pequeno Auggie e ainda nos ensinar uma lição. A trama começa quando os pais de Auggie decidem colocá-lo em uma escola, após tantos anos protegendo-o debaixo de suas asas, eles percebem que é hora do filho começar a interagir com outras crianças. Auggie sempre quis que o reconhecessem como um menino normal, não gosta que sintam pena dele ou o tratem como alguém especial para sua mãe, ele é apenas Extraordinário
Apesar das circunstâncias, diversas vezes na trama sentimos que alguém só age com compaixão ou pena para com o garoto. É o mínimo que poderíamos fazer alguém que "já sofreu tanto."
Conforme a leitura segue, pensamos em nossa própria realidade em como parece maldade pensar que o universo poderia ser tão ruim com alguém. Um em quatro milhões, eram as chances de Auggie nascer com tal deformação. A autora brinca com o fato de que em algum lugar no mundo alguém deve ter ganhado na loteria com essa sorte. Ao mesmo tempo, é surpreendente como o universo trabalha e compensa essas pessoas com seus passarinhos, sejam pais que se importam, amigos que cuidam, professores que apoiam ou até mesmo um cãozinho que muda nossas vidas.

Uma coisa que aprendi com o livro  e sempre tive essa opinião guardada para mim mesmo  é que grupos de pessoas se tornam cruéis. Até mesmo crianças. Durante a trama conhecemos Jack, um dos poucos amigos de Auggie, que ao ser colocado numa situação delicada, admite que só se tornou amigo dele porque o diretor pediu. Deve ser parte do ser humano julgar, e não importa o lar que nasçamos ou a educação que recebemos, de alguma maneira olharíamos para aquela criança tão diferente, intrigados, e iríamos pensar: Que diabos aconteceu com o rosto dele e por que é tão feio?


Digamos que outro dos pontos chave é a presença de Julian, um dos meninos da classe de Auggie. Seria ele uma representação da inveja? Do medo? Fazendo uma rápida pesquisa na internet descobri que foi lançado um livro separado conhecido como "O Capítulo Julian" onde é revelado todo o lado do agressor da história. Por que é que Julian é tão cruel com Auggie, e teria ele uma chance de redenção? Será que no fundo todos nós não agimos como Julian uma vez na vida por sentirmos inveja de alguém que recebe mais atenção do que nós?

Extraordinário é escrito de maneira tão bela que você poderia escolher qualquer trecho e torná-lo uma frase marcante. A história fala sobre gentileza, superação, família, amizade, bullying; e é incrível a maneira como, alterando os pontos de vista, não nos cansamos da leitura e temos uma visão sempre mais aprofundada da trama, mas é interessante notar que nenhuma vez lemos o ponto de vista dos pais. Acho que é preciso ser pai para entender o que eles passam todos os dias.

Ah, e você vai se apaixonar pelos preceitos do sr. Browne! Segundo o dicionário, entende-se cmo preceito uma doutrina, mandamento ou ensinamento. São ideias que eu gostaria de prender em minha parede e levá-las para o resto de minha vida, para quem sabe aprendermos a sermos pessoas melhores todos os dias.


Se você se gostou da leitura de Extraordinário, saiba que diversos outros livros foram lançados, para complementar a leitura, como o O Capítulo do Julian e 365 Dias Extraordinários: O Livro de Preceitos do Sr. Browne.
Uma adaptação para o cinema também já foi confirmada com previsão para 2017 e sua produção já começou, então podem ter certeza que ainda ouviremos falar muito de Extraordinário nos próximos anos. Temos diferentes pontos de vista durante toda a história, e imagina-se que com dois atores de peso como Owen Wilson, Julia Roberts e Stephen Chbosky (diretor de As Vantagens de Ser Invisível), teremos uma incrível produção. Eu ainda acredito que o livro foi feito no meio mais perfeito que a autora poderia escolher para representar sua obra. Ouvi algumas pessoas criticarem a aparência de Auggie, até porque como mencionado na primeira página o personagem também diz que independente do que o leitor imaginar, é pior.
Mesmo com um filme a caminho, o importante é que a principal mensagem da obra seja transmitida e mais pessoas alcançados por essa bela lição.

Considerações Finais

Nossa mente é uma ferramenta incrível, e um curioso fato é que no decorrer da leitura, Auggie parecia ser um menino normal para mim. Conforme eu lia o livro, em determinados capítulos eu me esquecia que ele tinha deformidade alguma, e não era isso o que Auggie mais queria,? Ser reconhecido como qualquer um, como um menino normal? É por isso que para mim isso se tornou uma das características únicas do livro, e imagino que seja o intuito da autora. Auggie é Extraordinário não apenas por fora, mas por dentro.

Após uma leitura prazerosa — e também algumas lágrimas de emoção no final — concluo que temos de lembrar do discurso do sr. Buzanfa. Seja gentil.

É preciso ter o mínimo de sensibilidade para entender a mensagem que R.J. Palácio quer passar para o leitor, sem grandes truques, cenas de ação ou um clímax definitivo. Se você julgar que este é um livro apenas sobre aceitar o próximo ou então sobre ser extremista em relação ao bullying, então você não entendeu a mensagem completa. Trata-se de ser gentil, mais gentil do que o necessário. Esta é uma lição que aprendi e levarei para o resto de minha vida. É como quando você tem a oportunidade de dar um pequeno incentivo, sem ser rude ou acabar com o sonho de alguém, pois também não se deve mentir para agradar; mas mostrar que não estamos sozinhos nesse mundo onde tudo parece ser tão distante e artificial.

Exatamente como a moça do caixa no dia em que fui comprar meu exemplar de Extraordinário, às vezes um simples sorriso no rosto, um cumprimento singelo ou uma ajuda inesperada são o suficiente para alegrar o dia de alguém. Não se trata apenas de aceitar o próximo ou fazer sua parte, trata-se de ser uma pessoa melhor em todos os sentidos possíveis. O mundo precisa de mais gentileza.


"Quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil." — Preceito de Setembro do Sr. Browne.

  2 comentários:

  1. Poxa, parece bem bacana, tentarei, se possível, algum dia lê-lo, afinal, não consigo pensar que vou deixar de ler um livro de certa forma diferente e com um dos personagens chamados de sr.Buzanfa fazendo um discurso. Tento imaginar a cena.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É um livro incrível, cara. Faz muito tempo que o vejo perdido nas livrarias, por algum motivo a capa sempre me chamou muita atenção, e na primeira vez que li a sinopse acabei levando pra casa kkkkk

      Eu adoro personagens com nomes meio nonsense, às vezes o povo tenta criar um personagem tão chique com nome e sobrenome de culturas diferentes que no fim das contas tudo vira uma verdadeira bagunça, mas apelidar um personagem de sr. Buzanfa acaba dando uma característica única para elem sem contar que tem todo um contexto que é aplicado na trama. Essa cena do discurso é a melhor do livro inteiro!

      Se qualquer dia tiver a oportunidade, pode investir em Extraordinário que não vai se arrepender.

      Excluir

Menu Principal






Menu Secundário






Estatísticas




POSTAGENS
COMENTÁRIOS
Tecnologia do Blogger.

Comentários Recentes

Companheiros de Aventura

+ Lidas da Temporada