terça-feira, 26 de setembro de 2023

Divindades de Sellure

O encontro entre Ralph e o Narrador. Ilustração feita por Nyx para o Livro 1, mas acabou sendo descartada.

O universo de Sellure é governado por três entidades divindades: Araya, a deusa do Mundo De Cima; Yllata, a deusa do Mundo De Baixo; e o misterioso Narrador.

Antes mesmo que o calendário atual tivesse sua contagem iniciada, os povos antigos cultuavam apenas duas deusas — Araya e Yllata — que formavam um mesmo círculo, opostos indispensáveis que se complementam. As divindades são conhecidas por proteger tanto os vivos quanto os mortos, mas não de uma forma que haja um embate entre elas, pelo contrário, há quem acredite que as duas são uma só. Expressões como "Pela graça de Araya!" estão comumente associadas ao fato da deusa dos céus ser a protetora e guia para os vivos, enquanto "Que Yllata vos guie" está associada à vida pós a morte, embora seu nome também seja vulgarmente utilizado como xingamentos e maldições por alguns.

É dito que Yllata habita o mundo reverso, popularmente conhecido como Unferis. Ela é a responsável por guiar as almas dos mortos e prepará-las para a reencarnação, onde impõe suas regras e punições. Yllata é o inevitável fim da jornada. Isso lhe rendeu a reputação de ser uma divindade cruel e impiedosa. Historiadores a retratam como uma mulher de longos cabelos escuros e sempre vestida de preto, cuja voz é capaz de impelir medo até mesmo nos mais cruéis vilões. Todos que chegam ao Unferis terão de passar por seu julgamento.

Araya é conhecida como a divindade da bondade e da esperança. Dizem que depois de paga a sentença no Unferis, uma alma pode reencarnar ou ir para o além, uma espécie de paraíso transitório, até que esteja pronto para reviver em algum dos milhões de mundos de livros de fantasia. No além, é dito que um trem irá guiar as almas por um oceano sem fim, mas não há nenhuma informação para onde ele vai.

Apesar da ideia lúdica de que exista um mundo perfeito sem dor ou sofrimento, a religião de Sellure prega a ideia de que é necessário passar pela morte antes de atingir a grandiosidade no "paraíso" por assim dizer. Isso afasta a necessidade de que os vivos, se forem bons, serão recompensados. Cada um receberá um julgamento igual de acordo com a maneira como viveu, dessa forma, o ciclo se reinicia infinitamente. A finitude da vida, independente do que se faça, é algo que todos terão de enfrentar.

A Origem da Terceira Divindade

Dizem que um misterioso viajante começou a frequentar as terras de Sellure antes mesmo que o reino possuísse um rei ou fosse batizado com esse nome.
Este Viajante tinha o poder de realizar milagres e desejos, e por conta disso, muitos passaram a enxergá-lo como uma espécie de divindade. Ele viajava por todos os lugares, de ilhotas até cavernas inexploradas e montanhas nunca antes escaladas; sempre contando histórias e compartilhando sua sabedoria com uma civilização que ainda estava se construindo. Quando os boatos se espalharam, muitos passaram a buscar seus conselhos e poderes com intenções egoístas, de forma que as aparições do Viajante se tornaram cada vez mais raras.

Após um longo período sem ser visto por ninguém, a existência do Viajante transformou-se em lenda, consequentemente, os povos acreditaram que ele tivesse morrido ou fosse apenas fruto da imaginação popular. Contudo, foi na ascensão de Ronem Romenor, o primeiro rei, que boatos sobre o ressurgimento do Viajante ganharam força. Ronem alegava ser o escolhido de uma divindade após escutar a profecia de uma das Sacerdotisas da Lua, e que estava destinado a realizar grandes feitos. Ronem ficou conhecido como "O Conquistador" e fez seu nome tornar-se famoso por reunir um exército grande o bastante para unificar todos os povos livres sob uma única bandeira, fundando oficialmente o Reino de Sellure. Todavia, o desejo lhe subiu à cabeça e Ronem acabou por morrer ainda jovem, sem deixar herdeiros. A morte de Ronem deu início à contagem dos anos no calendário atual de Sellure, marcando assim o Ano Zero.

Relatos sobre a presença do Viajante voltaram à tona durante a Guerra dos Heróis, quando as raças passaram a disputar entre si por conta da divisão dos territórios deixados por Ronem, influenciadas pela maldade de Glaüner, o Dragão das Maldições. Ao se dar conta de que o reino recém fundado caminhava para o colapso, o Viajante decidiu interceder. Ele concedeu um desejo para cada um dos Três Heróis que lutaram por suas raças — sendo eles o Canas, o Descobridor do Mundo, que lutava pelos humanos; Tokay, Asa Negra, representava os geckos; e Armora Defesa, os tótines — como um presente pela unificação das raças para enfrentar o dragão.

Este foi o último registro de uma aparição do misterioso viajante.
Após este ato, ele passou a ser conhecido como o Narrador.


CURIOSIDADE

Segundo a mitologia, mesmo as divindades de Sellure um dia serão substituídas, passando o seu legado para outro ser que deverá manter a ordem e o controle deste universo, até que, por fim, um dia ele seja completamente esquecido. E assim, seu mundo acabe.

  2 comentários:

  1. Uma das coisas que eu mais gosto da mitologia de Sellure é a sua simplicidade. Temos aqui três deuses, simples assim. Apenas isso.

    Universos de fantasia no geral parecem que tem que ter obrigatoriamente um panteão com mais de umas 20 entidades diferentes, cada uma focada numa tarefa em especifico para tudo o que existe praticamente. Não que não seja algo ruim, já vi ideias criativas nesse padrão, mas é que muitas vezes, essas entidades são tantas que acabam pouco aproveitadas ou uma confusão enorme de ideologias, ao ponto do leitor nem saber quem é quem.

    Matéria não é assim. Estas personagens são descritas apenas com elementos essenciais.O Narrador, Araya e Yllata tem um propósito simples, mas que resulta muito bem na narrativa e mensagem que o livro pretende passar.

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    1. Como eu mesmo não entendo muito de política e religião, isso acaba sendo refletido em Matéria. Precisei até pensar bastante para desenvolver esse post aqui no blog, porque as divindades são algo que eu quase não me aprofundei nos livros também kkkk

      Eu fico feliz que você goste dessa simplicidade. O número 3 está presente em quase tudo em Matéria. As 3 divindades, os Três Heróis, os Três Soberanos, o trio inicial composto pelo Ralph, Auria e Lesten... Acho que é um bom equilíbrio. Se eu criasse um panteão de deuses que nem na mitologia grega, acho que precisaríamos de mais alguns volumes kkkkkkkkkk Quando eu era criança lembro que minha ideia também era ter criado uma divindade até para fenômenos naturais, como a chuva e o sol. Provavelmente teria sido bem inútil kkk

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