sexta-feira, 18 de maio de 2018

Quem vai te fazer feliz? [Support]

Support Conversation (Aedan e Elice)
Gênero: Slice of Life;
Tema: Onii-chan e Parque de Diversões
;
Sugestão do leitor: Shadow Balefrost.

Em cerca de dez minutos o navio atracaria no Parque das Conchas, uma ilhota isolada nas proximidades de Myriad entre o Porto das Lulas e a Ilha dos Geckos. Havia uma frota de pequenos barquinhos ancorados na costa, incluindo um enorme cruzeiro repleto de turistas que aproveitavam o feriado prolongado com um programa diferente.
O Capitão Bernard tinha uma encomenda para entregar no porto, mas oferecera de bom grado uma carona a seus amigos. Elice implorara durante semanas para que seu irmão Aedan a levasse para se divertir quando tivesse uma folga, e ele, por sua vez, montara planos que envolviam passar os quatro dias dormindo na rede da varanda, bebendo algo gelado e beliscando alguns petiscos.
— M-mas você prometeu... — Elice disse cabisbaixa quando percebeu que seu irmão não tinha intenções de levá-la.
— Pede pro tio Ralph levar você — respondeu o homem com o rosto coberto por uma revista, sua tática infalível de fingir que estava dormindo só para que ninguém viesse socializar com ele.
A pequena Elice, que não era boba nem nada, foi reclamar para a pessoa certa.
Aedan não tivera nem uma hora de sono quando viu alguém tirar a revista de sua cara para lhe dar uma bronca.
— O senhor fez uma promessa para ela. — Era Doppel, o anfitrião da casa. Todos na Pequena Colina o respeitavam, Doppel nunca se importara de receber visitas nas horas mais inesperadas do dia e aquela casinha distante afastada de todo movimento era um dos poucos lugares onde Aedan encontrava paz. Mas não naquele dia. Ele jogou a revista em sua cara antes de sair para terminar de assar uma lasanha. — Agora cumpra.
Aedan levantou-se resmungando. Além de perder o primeiro dia do feriado, perderia também o delicioso prato de lasanha, e sabe-se lá o que Elice o forçaria a fazer na sexta, sábado e domingo. Quando piscasse os olhos, tinha medo de já estar de volta ao trabalho na segunda.
Sua irmã ficou toda saltitante quando soube da notícia. Arrumadas as mochilas com provisões, os dois seguiram até a costa onde combinaram com o Capitão Bernard, mas um grupo de cinco pessoas já os esperava de malas prontas. Elice deu um salto para abraçar Auria que quase veio ao chão. Nenhum deles estava esperando companhia, mas agora a viagem seria muito mais divertida.
— O que estão fazendo aqui? — perguntou Aedan.
— Doppel mandou a gente vir — respondeu Peter Lee. — Para ficarmos de olho em vocês.
— É, e ele disse que tu ia pagar a entrada — continuou Lesten. — O almoço tá incluso também?
— Não se preocupe, não vamos dar trabalho nenhum — disse Ralph.
Por falta de uma, agora teria que cuidar de outras cinco crianças.

A primeira visão que tiveram do Parque das Conchas era uma gigantesca roda gigante espiralada, como se fosse um amonita dos tempos ancestrais. Era possível enxergar também uma trilha que dava voltas e contornava toda a ilha, seu auge era no topo da montanha que deslizava para uma queda brusca no meio do mar.
Elice puxou a barra da saia de Auria e falou:
— Eu nunca andei de montanha russa... Acho que tenho medo.
— Não se preocupe, querida. Se não quiser, o Ralph fica cuidando de você — respondeu Auria. — Afinal, acho que nenhum dos dois tem altura para entrar.
O garoto nem protestou, pois faria de tudo para não precisar dar uma volta também.
O navio atracou longe da praia, mas Bernard os levou com um bote até a costa. Elice tirou suas sandálias e pisou na areia macia e branquinha, molhando os pés nas ondas que compartilhavam a euforia de sua chegada. Ela olhou para trás e viu seu irmão que ainda parecia desanimado com a experiência, ele era o único de calça jeans debaixo daquele sol forte.
— Tira esses sapatos! Por que veio todo chique assim? Não estamos num encontro — disse a menina.
— Eu só... não estava muito afim de sair hoje — respondeu Aedan.
Ela revelou um sorriso sereno e fez um aceno com as duas mãos.
— Prometo que vai se divertir de montão, tá bom?

Como prometido, Aedan pagou entrada para os cinco intrusos que o acompanhavam. Lesten estava perplexo, pois morara no lado oeste da Ilha dos Geckos desde que fora afastado do exército e sempre tivera uma visão distante do parque de diversões, ter a chance de visitá-lo era como um sonho realizado; Hayley estava ansiosa para ir ao Castelo dos Sonhos com Lee, enquanto Auria não perderia a chance de visitar a roda gigante com Ralph.
Elice estava eufórica para ir em todos os lugares possíveis, pois ao pôr do sol o parque fecharia e aquela terra que lhe parecia tão encantada se tornaria uma mera lembrança.
— Pessoal, é o seguinte, vamos tentar não nos separar — alertou Aedan. — O parque é grande, e como sei que vocês nunca se comportam como seres civilizados, é melhor que...
Quando Aedan se deu conta, não havia mais ninguém ao seu redor.
Ele correu à procura de sua irmã. Se fosse Elice, qual brinquedo visitaria primeiro? Seu palpite era o Castelo dos Sonhos que Hayley mencionara, onde os visitantes podiam andar de barco por um percurso que percorria um trajeto repleto de música, cantoria, brilho e purpurina. O homem respirou fundo e entrou na atração.
Elice já estava dentro de um barquinho de madeira automatizado na companhia de Lee e Hayley. Ela acenou e pediu que ele se apressasse a entrar. As duas estavam encantadas com os efeitos, a administração do parque preparara uma série de bonecos movidos a magia que flutuavam em frente ao público num jogo de luzes e euforia. Enquanto as meninas se divertiam, Lee e Aedan continuavam de braços cruzados no banco de trás.
— O que não fazemos por nossas garotas — comentou Lee.
— Nem me fale.
— Imagino que você tenha tido trabalho para criá-la sozinho. Não é nada fácil se virar no mundo sem os pais, ter que cuidar de outra criança só dificulta as coisas.
— Eu e a Elice temos quase dezoito anos de diferença, então eu já tinha consciência das coisas — respondeu Aedan, olhando para a menina que se divertia no barco da frente. — Mesmo assim, admito que foi como ganhar uma filha.
Aedan estava perdido em pensamentos quando sentiu alguém tocar sua mão. Encontrou-se com o olhar da menina que estava virada para trás apontando para uma linda ave azul que sobrevoava sob suas cabeças.
— Olha, aquela se parece comigo quando me transformo!
A ave atravessou o teto e desapareceu em um punhado de brilho, feito uma ilusão.
— E aquele ali parece você.
Aedan notou o que parecia ser uma cobra animatrônica que deveria cuspir fogo, só que mais se parecia com uma minhoca gigante vesga. Hayley e Lee tentaram esconder o riso, afinal, nunca haviam tido a chance de ver o tótines assumir sua forma mágica.
— Ele não deve ser tão assustador — afirmou Hayley em claro sinal de ironia.
— Pra mim sempre vai ser meu onii-chan! — respondeu Elice, mostrando a língua para ele no banco de trás. — Se não sou eu para alegrar os seus dias, quem seria, né?
Terminada a volta no Castelo dos Sonhos, Aedan seguiu a garota até o carrossel, que ao invés de cavalinhos tinha diferentes monstros do Reino de Sellure. Para sua surpresa, Ralph estava montado em um dragão negro enquanto Lesten corria desesperado ao redor, ambos estavam imersos em uma perseguição incessante, apostando corrida para ver quem era mais rápido. Auria os assistia comendo pipoca no banco ao lado.
— Por que você não brinca também, tia Auria? — perguntou Elice.
— Porque a altura máxima é um metro e sessenta e cinco, só o Ralph consegue — ela riu. — E também já estou sentindo vergonha alheia o suficiente só de ver esses dois brincarem. Por que não vai lá também?
— Mas carrossel parece coisa de criança... — resmungou Elice.
— Bem, o Ralph e o Lesten apostaram que quem desse mais voltas tinha que pagar o almoço do outro. O carrossel pode parecer lento, mas depois de quinze voltas você se sente esgotado — explicou a mulher. — Vá se divertir, e quando voltarmos, seu irmão vai te comprar uma pelúcia enorme!
— Eu vou o quê? — perguntou Aedan, sem poder impedir Elice que já estava na fila.
Auria ofereceu um pouco de sua pipoca para ele. Os dois ficaram em silêncio observando o carrossel dar voltas e mais voltas.
— Você parece cansado — ela o questionou e, pela cara de Aedan, estava na cara que ele não esperava a hora de ir embora. Vendo Elice brincar cheia de energia, era impossível dizer que os dois eram irmãos. — Sabe, eu sempre fui a caçula na minha família. Às vezes eu penso em como seria ter uma irmãzinha mais nova...
— Leva ela pra você — respondeu Aedan, indiferente.
Auria soltou uma risada alta e quase engasgou com a pipoca.
— Eu até levaria, mas você sabe que ela te adora. Eu jamais poderia separá-los.
— Me adora? A Elice só quer alguém pra brincar. Eu já não tenho idade pra essas coisas, não consigo acompanhar o ritmo de uma criança na idade dela. Às vezes penso que ela seria muito mais feliz com outra pessoa, outra família.
— Você não faz mesmo ideia de como ela te ama, não é? — Auria respirou fundo.
Quando o carrossel parou de se mover, Ralph havia dado vinte e oito voltas sem sair de seu dragão, enquanto Lesten percorrera apenas vinte e cinco correndo feito um retardado. No fim das contas, foi Aedan quem pagou o almoço para todos. Eles marcaram com Lee e Hayley de se encontrarem na lanchonete Espiral, com direito a entradas de frutos do mar e camarõezinhos para beliscar. Aedan não podia reclamar, pois a parte da comida era o mais próximo que tinha de estar na tranquilidade de Pequena Colina, exceto pela barulheira de crianças correndo ao seu redor e gente mastigando de boca aberta e rindo alto.
— Quem é que vai na montanha russa comigo?! — Lesten berrou, se algum desconhecido tivesse se oferecido ele teria aceitado também. — Vamos lá, ruivo, é como andar nas costas de um dragão, só que muito mais emocionante e perigoso!
— E-eu prefiro ficar onde meus pés sentem o chão — respondeu Ralph. — Sério, não é nem por causa da altura, mas é que essa coisa parece ir bem... rápido.
— A fêmea vai junto. Tu pode segurar a mão dela. — Lesten segurou a mão de seus dois amigos e as uniu, mas eles se afastaram envergonhados na mesma hora. Auria ajeitou o cabelo, meio acanhada.
— Alguém tem que ficar e cuidar da Elice...
— Eu fico — Aedan se prontificou. — Não estou disposto a sofrer uma descarga de adrenalina muito alta hoje.
Ele teve que ouvir os quatro falarem em sua orelha pela hora seguinte. Lee e Hayley não apareceram, talvez os dois estivessem muito ocupados, por isso o grupo decidiu ir para a montanha russa. A fila estava enorme, diversos geckos aproveitavam a folga para se divertirem no parque.
Aedan bocejava de sono quando Lee os interceptou na fila, sua expressão estampada num sinal de urgência.
— Pessoal. Encrenca. Das grandes.
— O que tu fez dessa vez, grandão? — perguntou Lesten.
— A Hayley insistiu em me levar para a casa de horrores — respondeu Peter Lee.
— Aqui tem uma casa de horrores? — Elice olhou para seu irmão, o olhar suplicante. — Me leva. Por favor.
— Bom, nós estávamos nos divertindo, mas surgiu um monstro gigante numa sala escura, e... — O homem olhou para os lados e coçou a cabeça. — Eu acertei o coitado com tanta força que ele desmaiou. Agora o brinquedo foi interditado. Só deve voltar a funcionar amanhã.
Auria teve que segurar o riso. Era tão típico dele.
— Mas o problema não é esse — disse o homem. — Depois que voltei da conversa com a gerência, eu não encontrei a Hayley.
— Será que os monstros a sequestraram como forma de punição pelo que você fez com eles?! — indagou Ralph. — Eu sabia que um parque de diversões era o cenário perfeito para iniciarmos uma batalha épica contra as forças do mal!
— Ralph, não viaja. Ela só deve ter ido tomar um sorvete... — respondeu Auria. — Lee, a Hayley é bem grandinha para saber se virar sozinha. Entra aqui conosco na montanha russa, tente esfriar a cabeça, quando sairmos vamos procurá-la todos juntos.
Lee concordou, mas sentia-se desconfortável sem a pequena feneco ao lado. Quando chegou sua vez, Ralph entrou tremendo no carrinho. Não se parecia nem um pouco com a sensação de andar em um dragão — até porque ele nunca tinha voado em um, mas se fosse que nem uma montanha russa, preferia nunca ter de precisar. Auria sentou-se ao seu lado e aproveitou o momento para mostrar o quão corajosa era. No banco de trás, Lesten não parava de tagarelar na orelha de Lee. Elice achava que não poderia entrar por causa da altura, mas se estivesse acompanhada a entrada era liberada, o que obrigou seu irmão a ir também. Aedan e Elice ficaram no terceiro acento, as perninhas da menina mal alcançavam o fundo.
— Aedan, se eu ficar com muito medo, o que eu faço? — perguntou a menina.
— Grita — respondeu ele.
— Mas eu posso te abraçar?
— Não.
Elice o envolveu num abraço.
— Eu vou gritar muito, tá?
— Já preparei os ouvidos.
Primeiro veio o friozinho na barriga. Era possível enxergar todos os arredores no ponto mais alto da montanha, uma visão única das terras de Myriad; Ralph podia jurar que avistara a Vila das Pérolas, Lesten enxergava as três montanhas protetoras da Ilha dos Geckos e ao norte via-se parte da capital de Cortina Escarlate, cidade natal de Auria. A empolgação durou pouco, porque depois veio a queda e qualquer sinal de coragem desapareceu do coração dos heróis. Auria não parou de gritar um segundo, Lesten pensou que fosse morrer e Lee travou na cadeira. Elice se divertia com os braços para o céu e até mesmo Aedan se deu ao direito de sentir o coração palpitar.
Quando o carrinho aterrissou, Auria estava toda descabelada e Lesten sentia as pernas bambas. Ralph era quem estava mais animado com a experiência.
— Uau, foi como andar num dragão de verdade! — disse o garoto. — Essa foi uma das experiências mais loucas da minha vida! Podemos ir de novo?
Todos gritaram não quase que ao mesmo tempo.
O grupo retomou sua jornada atrás de Hayley. Lee continuava impaciente, temia que algo ruim tivesse acontecido a sua pequena, mesmo que estivessem num lugar que julgassem seguro feito um parque.
A busca se estendeu por quase uma hora e ainda não havia sinal da feneco. Quando chegaram próximo à roda gigante, Elice chamou seu irmão e apontou para uma máquina de gancho com pelúcias na entrada.
— Tia Auria falou que você ia dar um pra mim.
— Elice, essas máquinas só servem para extorquir dinheiro das pobres crianças sem coordenação motora, eu não vou deixá-la se tornar mais uma vítima de uma brincadeira fútil feito...
Quando se deu conta, Aedan estava buscando sua carteira atrás de algumas moedas. A menina batia no vidro com dedo, apontando para um ursinho de pelúcia de orelhas enormes no fundo.
— Eu quero aquele ali!
Aedan não era muito bom naquele tipo de jogo. Quando o gancho desceu, eles levaram um tremendo susto quando a pelúcia se levantou e deu um pulo dentro da máquina. Era Hayley quem estava presa ali dentro. Lee saiu correndo quando ficou sabendo do ocorrido.
— O que você está fazendo aí dentro?! — ele gritava enquanto chacoalhava a máquina.
— Eu não sei! Eu não sei! Quando acordei estava aqui!
— Raposinha, só tu mesmo pra dormir no meio de uma praça movimentada — falou Lesten. — Acho que te confundiram com um ursinho de pelúcia perdido.
Dois seguranças tiveram que vir tirá-la da máquina. Elice acabou ficando sem sua pelúcia, mas só de ter Hayley por perto era como ter o bichinho mais fofo de todos.
Resolvida a situação, eles decidiram que não havia nada melhor do que uma volta na roda gigante para relaxar. As cabines eram para duas pessoas, então as duplas já estavam formadas.
— Ah, e o vacilão aqui fica sozinho, né? Pra variar — resmungou Lesten. — Tá bom, beleza. Eu nem queria andar nessa coisa boba mesmo. Ela só fica aí rodando e tu tem que aguentar ficar olhando pra cara feia de quem estiver na tua frente até dar a hora de ir embora...
Uma moça que estava na fila também não tinha companhia. Ela era ruiva e devia ter seus trinta anos, usava um chapéu com um lacinho delicado na cabeça com um vestido que deixava seus tornozelos expostos. Quando Lesten a avistou, seu coração bateu mais depressa.
— Oi, eu... posso ser sua companhia na roda gigante?
O lagarto agradeceu todas as divindades por ter-lhe oferecido tamanha benção.
Aedan e Elice foram os últimos a subirem em sua cabine e logo a roda começou a girar. A menina estava encantada, era uma sensação diferente de estar na montanha russa porque agora tinha tempo de apreciar a paisagem pela janela e ver toda a dimensão da ilha. Aedan estava com a cara monótona habitual, esforçando-se para ser uma boa companhia.
— Olha, Aedan! Acha que dá pra enxergar a nossa casa daqui? — perguntou Elice.
O homem fez que não com a cabeça.
— Será que eles estão se divertindo lá na frente?
Ele deu de ombros, indiferente.
— Você está feliz hoje?
O homem respirou fundo, mas não respondeu. Elice sentou-se e juntou as pernas, parecendo abatida.
— Por que é que você está tão chato hoje?
— Eu tô feliz — respondeu Aedan, forçando um sorriso. — Olha. Felizão.
— Você está tirando uma com a minha cara!
— Não estou. Me diverti à beça hoje.
— Para de zoar comigo! Eu só queria passar uns momentos legais com você, mas pelo visto você não consegue nem fingir que está gostando!
— Escuta, Elice... Estou tentando ser agradável. Você me arrastou para essa droga de lugar e me fez fazer coisas que eu não queria o dia inteiro. Então vê se não enche, tá legal?
A garota recuou atônita, apertou seu vestido e segurou o choro, mas não conseguiria por muito tempo. A roda gigante não havia nem completado uma volta quando ela bateu na porta de sua cabine e pediu para parar. Quando o atendente abriu, Elice saiu correndo pelo parque. Aedan tentou ir atrás dela, mas as pessoas o encaravam cheios de curiosidade e já berravam para que o brinquedo voltasse a girar.
Ele desceu a escadaria, mas não teve sinal de sua irmã. O parque era enorme e só de pensar em ter de procurá-la em todos os cantos já o esgotava. Não queria ter sido grosso com ela, mas às vezes a empolgação de Elice não conseguia acompanhar o ritmo tranquilo que Aedan tentava levar para sua vida, pois todos os outros dias de semana eram cheios de tensão por conta do trabalho.
Um vislumbre percorreu sua mente de onde ela poderia ter ido. Seguiu até a praia logo na entrada, onde os barquinhos chegavam cheio de turistas que vinham aproveitar o dia com suas famílias. Como estava entardecendo, a multidão já se encontrava dentro do parque e apenas alguns casais passeavam enquanto observavam o sol distanciar-se no horizonte distante.
Elice estava sentada abraçando os joelhos e sem as sandálias. Seu irmão fez o mesmo que ela, tirou os sapatos e sentiu a areia nos pés, sem se preocupar em sujar sua calça ou as mangas da blusa. Devia ter vindo com uma roupa mais apropriada para um passeio.
— Por que você saiu correndo? — ele perguntou com a voz mansa.
Elice virou a cara e não quis encará-lo.
— Você acha que eu não gosto mais de você? É isso?
A menina encarou o chão, porque era muito difícil para uma criança entender todos aqueles sentimentos que passavam em sua cabeça. Aedan a envolveu num abraço forte e a trouxe para mais perto de si.
— Desculpa. Eu fui um idiota com você. Você está sempre tentando me fazer sorrir e eu te retribuo com meu mau humor de sempre.
Elice revelou um sorriso tímido, mas ainda não estava totalmente convencida.
— Lembra aquela vez que você tentou preparar o almoço para mim e quase destruiu a cozinha? Eu fiquei uma fera, mas a comida estava deliciosa — relembrou Aedan. — Ah, e quando eu quebrei um dos vasos que a mamãe gostava? Saí furioso para jogá-lo no lixo, mas quando voltei te encontrei no chão, tentando colar as peças com cola...
Elice fechou os olhos e descansou a cabeça no peito dele.
— Quer saber de uma coisa? Você é a melhor irmãzinha que eu poderia pedir. Acho que é você quem não merece um irmão idiota feito eu.
Ela segurou no rosto dele e o encarou com aqueles olhinhos avermelhados que durante os últimos dez anos lhe deram forças para continuar seguindo em frente.
— Eu te amo muitão, tá? Na próxima vez prometo que ficaremos o feriado inteiro em casa assistindo seriado e comendo pipoca.
Aedan não escondeu o sorriso, pois gostara muito da ideia.
— Eu nunca vou deixar nada te ferir. Eu prometo.

Por volta das seis da tarde era hora deles se despedirem do Parque das Conchas. Todas as luzes do cruzeiro estavam acesas e o mar parecia forrado por um espetáculo de brilho refletido na água. Aedan se deu ao direito de aproveitar até o último instante com seus amigos, ele abriu mais e acabou até participando de brincadeiras como o carrinho bate-bate onde Lesten quase saiu no soco com Lee e o barco viking que não era nem de perto a mesma experiência que navegar no Navio Fantasma (e por sinal, o que eram vikings?).
O Capitão Bernard voltou para buscá-los no horário combinado. Ralph e seus amigos teriam muitas histórias para contar quando voltassem, ficando o desejo de irem mais vezes ao Parque das Conchas e levar a tropa inteira quando tivessem a chance.
Ao fim do dia, Aedan sentia-se pleno e feliz. Um pouco cansado, mas ainda tinha o fim de semana inteiro para dar conta disso.

  3 comentários:

  1. Canas! Bacana o support! Gostei do jeitão do Aedan, bem top! Não vou comentar muito, porque eu só posso definir como: gostei muito! Não tem parte que eu goste mais, eu gosto do conjunto completo!

    E por favor, um support sobre o Lesten e a ruivinha trintona possivelmente MILF que pintou aí com o tema romance.

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    1. *gênero romance, e tema eu peço que seja encontro, please.

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    2. Valeu, caro Sir! Pode crer, vocês ainda não tinham visto nada do Aedan. Ele é um baita personagem, meu antagonista favorito do primeiro livro. Antes de chegar nele, digamos que eu só estava jogando um monte de ideias e nem sabia direito se ia conseguir concluir, mas quando comecei a escrever o arco que envolve o Aedan e a Elice eu pensei: Até que essa história tem futuro mesmo kkkkkkkk

      Mano, é assim que nascem aqueles personagens completamente inesperados! kkkkkkkk Pior que o Lesten tem algumas garotas que ele vive de olho, vai ser engraçado retratar isso num Support, será o primeiro focado nele. Vou ver o que consigo fazer ;)

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